Cemig vê 2021 positivo com desinvestimentos e acordo por risco hídrico
Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A Cemig tem expectativa "muito positiva" para o resultado de 2021, que deve ser apoiado por uma mudança contábil no setor de transmissão, um acordo fechado com o governo ano passado sobre o chamado "risco hidrológico" e possíveis vendas de ativos, disse o presidente da companhia nesta segunda-feira.
Apenas o acerto sobre o risco hídrico, que permitirá à empresa renovar contratos de diversas hidrelétricas por períodos adicionais de até 65 meses, deve gerar impacto positivo de cerca de 1,3 bilhão de reais quando contabilizado em balanço, disse o CEO, Reynaldo Passanezi, durante teleconferência com acionistas.
Ele também revelou que a companhia trabalhará para concluir ainda neste ano a venda de sua participação na transmissora de energia Taesa, na qual a Cemig tem como sócia a colombiana Isa.
"Em nossa expectativa, é claro, preferiríamos concluir isso em 2021", afirmou Passanezi, ao ser questionado sobre o negócio.
Controlada pelo governo de Minas Gerais, a Cemig informou na sexta-feira que iniciou avaliações para definir um formato para a operação que marcaria sua saída da Taesa.
O movimento vem após a empresa ter concluído em janeiro a venda de todas suas ações na elétrica fluminense Light, na qual chegou a ser controladora. A operação rendeu 1,37 bilhão de reais.
"Vamos seguir o processo de desinvestimentos. Fizemos Light, anunciamos na sexta início dos estudos para que a gente efetivamente avalie o desinvestimento na Taesa. Esse é o planejamento estratégico", explicou o CEO.
Ele comentou ainda que uma mudança na contabilização de receitas de construção no setor de transmissão beneficiará a companhia em 2021, como já ocorreu no último trimestre de 2020.
"A perspectiva de resultado para 2021, quando você põe margem de construção, quando você põe reconhecimento do GSF (sigla para o acordo sobre risco hidrológico) e eventualmente mais desinvestimentos com ganhos de capital, ela fica muito positiva", resumiu Passanezi.
No ano completo de 2020, a Cemig viu lucro líquido de 2,86 bilhões de reais, redução de 10% frente a 2019.
A companhia aprovou dividendos totais de 1,48 bilhão de reais sobre os resultados, sendo 929 milhões de reais em dividendos complementares e o restante em juros sobre o capital próprio (JCP) já declarados em 2020.
Mas a Cemig também está propondo um aumento de capital social, em 11,49%, por meio de bonificação em ações a seus acionistas, que será discutido em assembleia, disse o diretor financeiro, Leonardo George de Magalhães.
"Faremos a solicitação em assembleia de bonificação em novas ações, em razão de as reservas de lucros terem superado o capital social", explicou ele.
PLANO ESTRATÉGICO
A venda da fatia na Light e o possível negócio pela Taesa estão alinhados a um novo plano estratégico da Cemig, que prevê a saída de ativos vistos como não essenciais e o retorno do grupo a aportes em projetos próprios de geração, com foco em renováveis como eólica e solar, disse o CEO.
A companhia também buscará ampliar investimentos na área atendida por sua unidade Cemig Distribuição.
Na busca por novos negócios, que inclui o desenvolvimento de projetos de energia solar a partir do zero e negociações para compra de novos projetos eólicos ainda no papel, a Cemig quer atuar sozinha, acrescentou Passanezi.
"Queremos ter o controle... ser sócio, minoritário, esse modelo destruiu muito valor nos últimos dez anos, a despeito de ter casos em que efetivamente foi muito positivo", disse ele, ao citar a Taesa como exemplo de sucesso nessas parcerias.
O mote do novo planejamento da companhia, assim, será "focar para crescer", destacou o CEO.
Para tirar as novas iniciativas em geração renovável do papel, a Cemig deve buscar acordos de autoprodução, pelo qual empresas podem ter acesso a toda a produção futura das usinas, explicou o Diretor da Cemig Comercialização, Dimas Costa.
Outros projetos podem ser viabilizados com a assinatura de contratos de venda da produção futura para a própria Cemig, por meio de sua unidade de comercialização, acrescentou ele.
A Cemig realizou em setembro chamada pública para adquirir projetos de geração eólica de desenvolvedores.
Na área solar, a companhia pediu recentemente o registro junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de novos projetos para usinas que somariam ao menos 70 megawatts em capacidade instalada em Minas Gerais.
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