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Petrobras demite gerente após investigações sobre negociações de ações

Demissão do gerente de RH foi sem justa causa, informou a Petrobras - Por Gram Slattery e Marta Nogueira e Sabrina Valle
Demissão do gerente de RH foi sem justa causa, informou a Petrobras Imagem: Por Gram Slattery e Marta Nogueira e Sabrina Valle

29/03/2021 15h05

Por Gram Slattery e Marta Nogueira e Sabrina Valle

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras demitiu um gerente de alto escalão, sem justa causa, após constatar que ele negociou ações da empresa nos dias anteriores à divulgação de seus resultados financeiros, informou a empresa nesta segunda-feira.

Mais cedo, quatro fontes familiarizadas com o assunto disseram à Reuters que Cláudio Costa, gerente executivo de Recursos Humanos, vendeu ações durante o "período de silêncio" da empresa antes da divulgação dos resultados no final de fevereiro, o que é uma violação regulatória no Brasil.

As negociações ocorreram pouco antes de o presidente Jair Bolsonaro anunciar que não renovaria o mandato do então presidente-executivo Roberto Castello Branco, em fevereiro, um acontecimento que fez as ações da Petrobras desabarem, disseram as fontes, que pediram anonimato para discutir assuntos privados.

"O gerente executivo de Recursos Humanos foi desligado da companhia na data de hoje", disse a Petrobras, citando regras que proíbem a negociação de valores mobiliários de emissão da Petrobras por pessoas vinculadas a ela nos 15 dias que antecedem a divulgação das demonstrações financeiras da companhia.

Costa encaminhou a Reuters à assessoria de imprensa da Petrobras.

Três das fontes disseram que a Petrobras considerou o momento das negociações importante, mas a companhia não determinou se leis relativas a informações privilegiadas foram violadas ou não.

Castello Branco aprovou pessoalmente a demissão do gerente -executivo, disse uma das fontes.

A empresa afirmou que Pedro Brancante, chefe de gabinete de Castello Branco, assumirá o seu lugar interinamente.

A decisão de Bolsonaro de não renovar o mandato de Castello Branco aconteceu depois que a empresa aumentou os preços domésticos de combustíveis em mais de 30% em menos de dois meses, criando atritos com Bolsonaro, cujos apoiadores incluem caminhoneiros que frequentemente reclamam do preço do diesel.

O incidente levou os investidores à venda, com as ações preferenciais no Brasil caindo mais de 20% em um dia.

Castello Branco deve ser oficialmente substituído em meados de abril por Joaquim Silva e Luna, general aposentado que já administrou a hidrelétrica de Itaipu, na fronteira com o Paraguai, e não tem experiência no setor de petróleo e gás.