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Desmatamento na Amazônia dispara 67% em maio e esvazia promessas de Bolsonaro

Em uma cúpula do Dia da Terra, em abril, Bolsonaro prometeu dobrar o financiamento da vigilância ambiental - Divulgação/Expedição Jari-Paru 2019
Em uma cúpula do Dia da Terra, em abril, Bolsonaro prometeu dobrar o financiamento da vigilância ambiental Imagem: Divulgação/Expedição Jari-Paru 2019

Jake Spring

Em Brasília

11/06/2021 13h25Atualizada em 11/06/2021 14h08

O desmatamento da floresta amazônica no Brasil aumentou pelo terceiro mês consecutivo em maio, mostraram dados preliminares do governo nesta sexta-feira, e o presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), ainda não cumpriu a promessa de abril de fortalecer o financiamento da vigilância ambiental.

O desmatamento disparou 67% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e grande parte da terra foi visada para pastos, plantações e corte de madeira.

Nos cinco primeiros meses do ano, os dados mostram que o desmatamento subiu 25% quando comparado com um ano antes — foram 2.548 quilômetros quadrados destruídos, uma área maior que três vezes o tamanho da cidade de Nova York (EUA).

O desmatamento atinge o pico durante a estação seca, que vai de maio a outubro, quando é mais fácil madeireiros ilegais terem acesso à floresta.

Em uma cúpula do Dia da Terra, em abril, Bolsonaro prometeu dobrar o financiamento da vigilância ambiental. No dia seguinte, ele assinou o Orçamento da União de 2021, que cortou os gastos ambientais.

Imediatamente, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, apresentou uma proposta ao Ministério da Economia para aumentar os gastos ambientais, mas o pedido aguarda resposta há mais de um mês.

O Palácio do Planalto não respondeu de imediato a um pedido de comentário da Reuters.

O governo Biden negocia com o Brasil um financiamento em potencial de esforços para conservar a Amazônia, mas autoridades norte-americana dizem que não acreditam em uma ação imediata.

"Infelizmente, o regime Bolsonaro retirou parte da vigilância ambiental", disse o enviado climático dos EUA, John Kerry, em uma audiência no Congresso no mês passado. "Já tivemos esta conversa. Eles dizem que agora estão comprometidos a elevar o orçamento."

"Se não conversarmos com eles, podem ter certeza de que a floresta desaparecerá."

A estratégia de Bolsonaro para proteger a Amazônia depende muito de mobilizações militares custosas que começaram no final de 2019, mas o governo retirou as Forças Armadas no final de abril, não tendo sido capaz de fazer os níveis do desmatamento recuarem para o que eram antes da gestão atual.

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) confirmou hoje, no entanto, a recriação de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem para combater o desmatamento na Amazônia, possivelmente a partir da próxima semana.

"A GLO está autorizada pelo presidente (Bolsonaro). Conversei com ele ontem, já estamos fechando planejamento. Falei com o ministro Paulo Guedes (Economia), os recursos são em torno de 50 milhões de reais para fazer isso pelos próximos dois meses, ele disse que isso não é problema. Então agora precisa fechar onde vai ser a principal área de operações", disse Mourão.