Dólar segue acima de R$5,50 em véspera de feriado marcada por receios de inflação
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar rondava a estabilidade nesta segunda-feira, que deve contar com baixa liquidez às vésperas do feriado de Nossa Senhora Aparecida, continuando acima dos 5,50 reais à medida que os investidores ficavam de olho nos próximos passos de política monetária do Federal Reserve e nos temores globais de inflação.
Às 10:55, o dólar avançava 0,03%, a 5,5172 reais na venda, enquanto o dólar futuro negociado na B3 tinha alta de 0,09%, a 5,535 reais.
O dólar continua em patamares elevados, acumulando alta de 3,4% nas últimas três semanas, refletindo, entre outros fatores, a alta dos rendimentos dos títulos norte-americanos, disse à Reuters Luca Maia, estrategista de câmbio e juros para América Latina do BNP Paribas.
A taxa do Treasury de dez anos subiu recentemente para patamares superiores a 1,6%, principalmente por causa da sinalização recente do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, de que a redução das compras mensais de títulos do banco central dos EUA começará em breve, o que é visto como impulso global para o dólar.
"Powell foi mais enfático de que o 'tapering' (redução de estímulos) pode começar neste ano, e esse comunicado começou a colocar uma pulga muito grande atrás da orelha dos mercados", disse Maia.
Alimentando expectativas de que o Fed começará a reverter sua postura expansionista, os preços do petróleo alcançaram máximas em vários anos recentemente, desencadeando um temor global de inflação, disse Maia. "Esse impacto inflacionário é sempre pior para mercados emergentes", explicou, ressaltando que peso mexicano e peso chileno, dois pares importantes do real, também foram prejudicados por uma dinâmica global menos favorável nas últimas semanas.
"A janela que a gente tinha para maior atratividade de ativos em emergentes vai se fechando."
No Brasil, onde a alta dos preços também tem sido motivo de cautela, um dos principais motores para a depreciação recente do real foi a percepção de um Banco Central menos "hawkish", ou duro com a inflação, do que o esperado.
"O Banco Central não ganhou muito ao entregar 100 pontos-base de alta" na taxa Selic em sua última reunião, disse Maia. "Não conseguiu romper a desancoragem das expectativas de inflação e frustrou expectativas de (taxa de) carrego maior para o real no curto prazo."
A taxa Selic está atualmente em 6,25% ao ano.
Nesse ínterim, outras autoridades monetárias de países emergentes já começaram a elevar os custos dos empréstimos, ressaltou o estrategista, o que diminui a atratividade dos retornos oferecidos no Brasil quando comparados a outros lugares de risco semelhante.
Mas ainda há espaço para alguma valorização do real até o final deste ano, disse Maia, apontando termos de troca positivos e o fato de que -- apesar da percepção de que o Banco Central tem deixado a desejar no ciclo de aperto de juros -- o real ainda oferece taxa de carrego considerável.
Na última sessão, na sexta-feira, o dólar fechou praticamente estável, a 5,5154 reais na venda.
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