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Powell e Brainard são indicados para comando do Fed. E agora?

23/11/2021 09h31

NOVA YORK (Reuters) - O presidente norte-americano, Joe Biden, encerrou meses de especulação sobre sua escolha para comandar o Federal Reserve ao reconduzir Jerome Powell como chair e promover Lael Brainard, diretora do banco central, ao segundo cargo mais importante da instituição.

O anúncio dá início a um processo de aprovação no Senado dos Estados Unidos que pode terminar no mês que vem ou se estender até o início de 2022. O mandato atual de Powell como chair expira no início de fevereiro, e a cadeira do Conselho do Fed ocupada por Richard Clarida, atualmente o vice-chair, cargo para o qual Brainard foi nomeada, expira no final de janeiro.

Nesse ínterim, o Fed continua com seus assuntos, e sua reunião de política do final do ano acontece em três semanas. Veja o que está por vir para o processo de liderança e a agenda do Fed:

PRIMEIRA PARADA: COMITÊ BANCÁRIO DO SENADO

As indicações de Powell e Brainard, cujas funções como membros do Conselho do Fed datam de 2012 e 2014, respectivamente, devem ser formalmente submetidas ao Senado, que as encaminhará ao Comitê Bancário da Casa, presidido pelo democrata Sherrod Brown.

O comitê, dividido igualmente entre democratas e republicanos, agendará audiências de confirmação e, em seguida, votará para recomendar os indicados favoravelmente, desfavoravelmente ou sem recomendação para todo o Senado.

Autoridades do Fed, incluindo Powell e Brainard, entram num "período de silêncio" a partir do final da próxima semana antes de sua reunião política monetária de 14 a 15 de dezembro, tornando improvável que sua audiência de confirmação ou votação em comitê seja realizada antes disso.

AO SENADO COMPLETO

Independentemente da recomendação do Comitê, toda a Casa de 100 membros, também dividida igualmente, tem a palavra final. A vice-presidente Kamala Harris ficam com o voto de Minerva, caso seja necessário.

Ambos já passaram por esse processo antes para chegarem a seus cargos atuais. Embora nenhum dos dois tenha recebido apoio unânime em suas indicações anteriores, ambos foram aprovados no final.

Powell, um republicano que se concentrou extensivamente em suas relações com o Congresso desde que se tornou chair, em 2018, deve receber o apoio da maioria de ambos os partidos. Brainard, uma democrata, pode encontrar menos apoio bipartidário, mas pelo menos uma republicana -- Susan Collins, do Maine -- disse à Reuters que apoiaria ambos os indicados.

TRÊS VAGAS FALTANDO

Biden ainda tem três vagas a preencher no Conselho do Fed, de sete membros, incluindo o posto de vice-chair para supervisão, recentemente desocupado por Randal Quarles, que deixa o Fed no final do ano.

Essas vagas oferecem a Biden uma oportunidade de deixar marca duradoura no banco central, e a maioria dos analistas espera que ele chame progressistas e pessoas de origens diversas para preencher os postos, especialmente para o papel de supervisão bancária.

UMA "DANÇA DIFÍCIL"

Mark Zandi, economista-chefe da Moody's Analytics, vê alguns meses desafiadores adiante para o Fed, com quase tanta incerteza sobre a pandemia -- e os riscos que representam para a recuperação econômica -- quanto sobre a inflação.

As autoridades do banco "têm de aumentar os juros com rapidez suficiente e tirar o pé do acelerador rápido o suficiente para que a economia não experimente mercados de ativos descontrolados ou inflação que será difícil de retornar a patamares confortáveis", disse Zandi. "É uma dança muito difícil que eles terão de fazer."

(Por Dan Burns; reportagem adicional de Michelle Price e Jonnelle Marte)