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Pires desiste de ocupar a presidência da Petrobras, dizem fontes

Adriano Pires foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir comando da petroleira - Por Rodrigo Viga Gaier
Adriano Pires foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir comando da petroleira Imagem: Por Rodrigo Viga Gaier

04/04/2022 12h35

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O economista e consultor Adriano Pires desistiu de ocupar o cargo de presidente executivo da Petrobras, diante de dificuldades relacionadas a conflitos de interesses para comandar a estatal e as atividades de consultoria, disseram duas fontes com conhecimento do assunto à Reuters.

Mais cedo, o jornal O Globo antecipou a informação. Procurado, o Ministério de Minas e Energia informou que nem a pasta nem o Palácio do Planalto receberam comunicado oficial de Pires sobre sua noticiada desistência.

A Petrobras e Adriano Pires não responderam imediatamente a pedidos de comentários.

No final de semana, o indicado do governo para ser o presidente do Conselho de Administração da empresa, Rodolfo Landim, desistiu do cargo.

Pires foi indicado ao posto pelo governo federal na semana passada, em substituição ao general da reserva Joaquim Silva e Luna, após críticas do presidente Jair Bolsonaro sobre alta nos preços de combustíveis.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu à corte na semana passada investigação de eventual conflito de interesse na indicação do economista para assumir a liderança da estatal.

Pires é sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), que presta consultoria para empresas do setor de óleo e gás.

Algumas dessas empresas têm negócios e contratos com a petroleira brasileira, algo visto como um primeiro obstáculo para que Pires seja aprovado nas regras de governança e conformidade da empresa.

De acordo com as fontes, mesmo que Pires deixe o CBIE e passe o controle para terceiros, haveria um outro empecilho. O filho dele, Pedro Pires, também é um dos diretores do centro.

As regras de governança da petroleira não permitem vínculos até o terceiro grau de parentesco.

Já Landim disse que desistiu da indicação para comandar o conselho da Petrobras para se dedicar ao Flamengo, time presidido por ele.

Landim explicou que não conseguiria exercer os dois cargos ao mesmo tempo com grande dedicação e alta performance.

No entanto, fontes ouvidas pela Reuters disseram que Landim não teria passado nos teste de conformidade e integridade da companhia.

Landim foi denunciado junto com outras quatro pessoas pelo Ministério Público Federal (MPF) em julho de 2021 como parte da operação Greenfield. A investigação apura fraudes em fundos de pensão estatais --incluindo o Petros, da Petrobras-- e ainda não foi concluída.

Landim, ex-presidente da BR Distribuidora, também possui ligação com o poderoso empresário do setor de gás Carlos Suarez, dono de distribuidoras de gás ao norte do país e homem de negócios com fortes conexões políticas.

Procurado pela Reuters, Landim reiterou que desistiu da indicação por conta dos compromissos com o Flamengo, mas não respondeu sobre o processo de governança da companhia ou sobre o processo investigado pelo MPF.

(Com reportagem adicional de Sabrina Valle, em Houston e Letícia Fucuchima em São Paulo)