Banco lança plano de título brasileiro de US$ 10 bi para deter desmatamento na Amazônia
Por Marc Jones
LONDRES (Reuters) - Estrategistas de um banco do Reino Unido propuseram a ideia de um título de 10 bilhões de dólares do governo brasileiro projetado especificamente para ajudar a deter a destruição da floresta amazônica.
Parar o desmatamento da Amazônia, que absorve grandes quantidades de gases de efeito estufa que aquecem o planeta, faz parte do abrangente plano do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para recuperar a liderança do país em medidas de mudança climática perdida durante o governo de Jair Bolsonaro.
Recentemente, Lula pediu aos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Suíça e Canadá que se juntassem a um fundo internacional de proteção da Amazônia criado durante seu primeiro governo, entre 2003 e 2010, e assumiu um firme compromisso de desmatamento zero até 2030.
Para ajudar a cumprir a promessa, os estrategistas do NatWest propuseram o que seria o maior "título vinculado à sustentabilidade" do mundo -- um tipo especial de dívida do governo que teria o compromisso explícito de proteger a floresta.
"Seria uma grande maneira de Lula sinalizar sua intenção", disse à Reuters Alvaro Vivanco, chefe de mercados emergentes e estratégia macro ESG da NatWest.
Uma dívida de 10 bilhões de dólares seria um recorde para os mercados emergentes vinculados à sustentabilidade, um dos maiores títulos soberanos de mercados emergentes já vendidos e quatro vezes maior do que qualquer um dos títulos atuais do Brasil.
O dinheiro arrecadado por meio de dívida vinculada à sustentabilidade pode ser usado para praticamente qualquer finalidade. Lula teria, então, uma grande injeção de recursos para seus planos de conservação e outras partes fundamentais de sua agenda política.
É importante ressaltar que Vivanco vê o título com uma estrutura semelhante à usada pelo Uruguai neste ano, em que os pagamentos anuais regulares de juros que os investidores recebem, conhecidos como cupons, cairiam se o governo superasse suas metas, mas também aumentariam como penalidade por não cumpri-las.
"Como referência, um título brasileiro de 2034 está atualmente rendendo cerca de 6,35%, tornando o recurso de aumento/descida potencialmente material financeiramente para o Brasil", disse o esboço inicial do plano de Vivanco na semana passada.
O vínculo pode durar até 2035 e os números do desmatamento podem ser verificados usando imagens de satélite por terceiros, como as Nações Unidas.
A enorme escala de 10 bilhões de dólares também não deve ser um grande obstáculo, com todos os tipos de investidores -- desde grandes fundos de pensão até bancos centrais globais -- provavelmente ansiosos para mostrar que estão tentando enfrentar as mudanças climáticas.
"Se Lula sair pelo mundo vendendo esse título, você teria que ter um motivo para não fazer parte dele", disse Vivanco.
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