IGP-DI tem maior queda em maio desde 1947 e taxa em 12 meses renova queda histórica
Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) -O Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou em maio o maior recuo desde 1947 com deflação dos preços de diesel e grandes commodities ao produtor, renovando no acumulado em 12 meses a maior queda na série histórica.
O IGP-DI recuou 2,33% em maio, intensificando o recuo de 1,01% visto no mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta terça-feira.
Essa foi a queda mais forte desde abril de 1947 (-2,59%), em uma série histórica que começa em 1944. Mas o coordenador dos índices de preços, André Braz, ponderou que o ideal seria fazer comparações dentro do Plano Real, implementado em 1994, e que, portanto, considera o resultado de maio a maior queda histórica na comparação mensal.
"Apesar de ser outra realidade de inflação antes de 1994, com vários planos (econômicos), o que menos se via naquela época era deflação. Então é possível falar em menor da série histórica", disse ele à Reuters.
A queda também foi bem mais intensa do que a expectativa em pesquisa da Reuters de queda de 1,81% no mês.
O resultado levou o índice a acumular em 12 meses deflação de 5,49%, de queda de 2,57% em abril, renovando a taxa negativa mais forte desde o início da série histórica desse dado em janeiro de 1998.
Esses resultados devem intensificar a discussão sobre perspectivas para queda da taxa básica de juros Selic, cujo patamar atual de 13,75% é objeto de intensas críticas do governo. O argumento do governo é o de que já haveria espaço para o Banco Central iniciar o ciclo de cortes da Selic.
Na véspera, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, reconheceu que a inflação está melhorando. Mas ressaltou que isso está acontecendo de forma lenta, principalmente no caso dos núcleos, que mede os preços menos voláteis e ele destacou terem queda "bastante lenta".
A mais recente pesquisa Focus realizada pelo BC mostra que os analistas consultados passaram a ver um primeiro corte na taxa de juros mais acentuado em setembro, embora continuem vendo a Selic a 12,50% ao final do ano.
DIESEL E COMMODITIES
Em maio, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), que responde por 60% do indicador geral, caiu 3,37%, de queda de 1,56% no mês anterior.
De acordo com Braz, esse resultado se deveu principalmente à queda dos preços do diesel (de -3,85% para -14,82%) e de grandes commodities, especialmente do minério de ferro (de -7,94% para -11,89%) e do milho (de -8,06% para -16,85%).
Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) - que responde por 30% do IGP-DI - mostrou que a pressão aos consumidores diminuiu bastante ao desacelerar a alta a 0,08% no período, de 0,50% em abril.
Nesse caso, as maiores contribuições para a desaceleração do índice partiram de passagens aéreas (de -3,67% para -17,91%) e gasolina (de -0,38% para -1,97%).
O Índice Nacional de Custo de Construção (INCC), por sua vez, registrou aceleração da alta a 0,59% em maio, de 0,14% antes.
O IGP-DI calcula os preços ao produtor, consumidor e na construção civil entre o 1º e o último dia do mês de referência.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)
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