Economia da China mostra sinais de estabilização, mas setor imobiliário ameaça perspectivas

Por Ellen Zhang e Joe Cash

PEQUIM (Reuters) - A produção industrial e as vendas no varejo da China cresceram em um ritmo mais rápido em agosto, mas a queda dos investimentos no setor imobiliário ameaça minar uma série de medidas de apoio que estão mostrando sinais de estabilizarem partes da economia.

As autoridades chinesas enfrentam uma tarefa assustadora na tentativa de reavivar o crescimento após um breve salto pós-Covid, na esteira da persistente fraqueza do setor imobiliário, de uma moeda vacilante e da demanda global fraca por seus produtos manufaturados.

A produção industrial aumentou 4,5% em agosto em relação ao ano anterior, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pela Agência Nacional de Estatísticas, acelerando em relação ao ritmo de 3,7% de julho e superando as expectativas de um aumento de 3,9% em pesquisa da Reuters com analistas. O crescimento marcou o ritmo mais rápido desde abril.

As vendas no varejo, um indicador do consumo, também aumentaram em um ritmo mais rápido de 4,6% em agosto, ajudadas pela temporada de viagens de verão, e foi o crescimento mais rápido desde maio. Isso se compara a um aumento de 2,5% em julho e a uma alta esperada de 3%.

Os dados sugerem que uma série de medidas recentes para fortalecer a economia está começando a dar frutos, o que levou o JP Morgan a aumentar sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto da China em 2023 para 5%, em comparação com os 4,8% anteriores.

O ANZ também elevou sua previsão de crescimento para a segunda maior economia do mundo em 0,2 ponto percentual, para 5,1%.

No entanto, uma recuperação duradoura está longe de ser garantida, dizem analistas, especialmente porque a confiança continua baixa no setor imobiliário e exerce um grande peso sobre o crescimento.

"Apesar dos sinais de estabilização no setor industrial e nos investimentos relacionados, a deterioração dos investimentos em imóveis continuará a pressionar o crescimento econômico", disse Gary Ng, economista sênior do Natixis Asia Pacific.

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Os dados desta sexta-feira seguiram-se a números de empréstimos bancários melhores do que o esperado, a uma redução nas quedas das exportações e importações, bem como à diminuição da pressão deflacionária.

As vendas de veículos de passeio da China também voltaram a crescer em agosto em relação ao ano anterior, uma vez que descontos maiores e isenções fiscais para veículos elétricos impulsionaram o sentimento do consumidor.

Para sustentar o impulso da recuperação, o banco central da China disse na quinta-feira que reduzirá a quantidade de dinheiro que os bancos devem manter como reservas pela segunda vez este ano para aumentar a liquidez. Mais cedo, o banco também rolou empréstimos de médio prazo que estavam vencendo para injetar mais liquidez no sistema financeiro.

No entanto, os analistas afirmam que são necessárias mais medidas de políticas fiscal e monetária, uma vez que as dificuldades do setor imobiliário, o alto índice de desemprego entre os jovens, a incerteza em relação ao consumo das famílias e as crescentes tensões entre a China e os EUA sobre comércio, tecnologia e geopolítica elevaram o nível de dificuldade para uma recuperação econômica duradoura no futuro próximo.

(Reportagem adicional de Liangping Gao, Albee Zhang e Kevin Yao)

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