Presidente do Fed de Chicago vê risco de erro na visão de que inflação baixa requer desemprego alto

Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve pode estar prestes a fazer "algo raro" ao reduzir a inflação sem afetar muito o emprego e o crescimento, e deve ser "extremamente cuidadoso" ao confiar demais no histórico de lutas contra a inflação no passado para traçar novas medidas de política monetária, disse nesta quinta-feira o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee.

"Acreditar muito fortemente na inevitabilidade de um grande 'trade-off' entre inflação e desemprego traz o sério risco de um erro de política monetária no curto prazo", disse Goolsbee em uma crítica à "visão tradicionalista" de que a desaceleração da inflação exige uma dor econômica significativa na forma de aumento do desemprego e desaceleração do crescimento, ou mesmo recessão.

Goolsbee disse que as opiniões de longa data sobre o que será necessário para terminar a batalha contra as pressões de preço talvez não se apliquem mais, e citou uma pesquisa recente da equipe do Fed de Chicago que indica que a inflação poderia atingir a meta de 2% do banco central dos Estados Unidos "em breve" e sem novas altas de juros.

"Manter as correlações históricas simples do que o crescimento e as condições do mercado de trabalho significam para a inflação em face de desdobramentos positivos na oferta é uma receita para ultrapassar a meta e causar uma desaceleração desnecessária", disse Goolsbee, que atualmente tem voto na política de juros do Fed.

A inflação que eclodiu em 2021 foi em grande parte impulsionada por choques de oferta e escassez de mão de obra que diminuíram gradualmente, disse ele, o que tornou menos necessário desestimular a demanda com juros altos que prejudicariam o emprego e o crescimento no processo.

Goolsbee também disse que expectativas públicas "bem ancoradas" sobre a inflação podem permitir que o ritmo de aumento dos preços caia "com menos dor econômica do que era necessário no passado".

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