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Taxas futuras de juros caem no Brasil em dia sem Treasuries e com conflito entre Israel e Hamas no foco

09/10/2023 16h46

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros fecharam em baixa nesta segunda-feira, com a curva a termo brasileira reduzindo prêmios após o avanço mais recente e sem que os investidores contassem com a referência do mercado de títulos norte-americano, fechado por conta do Dia de Colombo, em uma sessão marcada pelo conflito entre Israel e Hamas no Oriente Médio.

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Os ataques do grupo palestino Hamas a Israel no sábado deixou centenas de mortos e feridos, desencadeando reações dos israelenses que se estendiam por esta segunda-feira.

Nos mercados globais, os impactos foram percebidos em especial na alta firme do petróleo -- já que países do Oriente Médio estão entre os maiores produtores do mundo -- e no avanço inicial do dólar ante boa parte das demais divisas, com os investidores procurando a proteção da moeda norte-americana.

Uma das avaliações é a de que, caso o conflito entre Israel e Hamas envolva outros países da região, os preços do petróleo poderão alcançar patamares mais altos e impulsionar a inflação global, inclusive no Brasil.

“Se o conflito perdurar e transbordar, afetando outros países da região, pode fazer subir (o petróleo) acima de 100 dólares (o barril)”, avaliou o economista-chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo, em comentário a clientes. “Se a situação piorar, podemos ver um grande estresse no mercado de petróleo, com implicações sobre a inflação global.”

O conflito no Oriente Médio, no entanto, não encontrou o mercado de Treasuries aberto, o que deixou a curva de juros brasileira sem sua principal referência nesta segunda-feira. Assim, após o forte avanço em sessões recentes, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) recuaram desde o início do dia.

“Hoje (segunda-feira) é feriado nos EUA e não há Treasuries operando. Então, o mercado brasileiro fica sem essa referência, o que dá espaço para o ajuste de queda”, comentou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.

Segundo ele, os dados do relatório Focus, divulgados pela manhã pelo Banco Central, favoreceram o ajuste de baixa das taxas futuras, ao não trazerem mudanças significativas nas projeções. A inflação projetada para 2023 seguiu em 4,86% e para 2024 foi de 3,87% para 3,88%. Já o dólar projetado para o fim de 2023 foi de 4,95 para 5,00 reais.

“Tudo bem que o dólar (projetado) subiu um pouco, mas o impacto na inflação é visto como bem limitado”, disse Rostagno.

Durante a tarde, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a instituição observará os efeitos do conflito entre Israel e Hamas no preço dos ativos e na inflação. De acordo com o diretor, por enquanto a autarquia irá manter o posicionamento da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em relação à taxa básica Selic.

"A gente segue com a comunicação que a gente tinha até agora; a gente entende que o passo de corte de 0,50 ponto percentual por enquanto tem sido, e estamos analisando permanecer com ele, (um ritmo que) permite ajustar o nível de contração da política monetária e ganhar tempo para observar as reações que a economia vai ter em função desses cortes", disse.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,22%, ante 12,24% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,845%, ante 10,959% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 10,665%, ante 10,838%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,895%, ante 11,085%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,185%, ante 11,377%.

Com o movimento desta segunda-feira, perto do fechamento a curva a termo precificava em 94% as chances de o corte da Selic em novembro ser de 0,50 ponto percentual. Já as chances de corte de apenas 0,25 ponto percentual -- uma possibilidade surgida após o rali mais recente -- eram precificadas em 6%.

No exterior, sem a referência dos Treasuries, os rendimentos dos títulos alemães recuaram, em meio à busca dos investidores por proteção após o início do conflito no Oriente Médio.

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