BCE deve discutir fim antecipado de esquema de compra de títulos, diz Kazaks

Por Balazs Koranyi

MARRAKECH (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) deve discutir ajustes em seu principal esquema de compra de títulos e ponderar taxas mais altas para os bancos comerciais, disse o formulador de política monetária da Letônia, Martins Kazaks, nesta quarta-feira, argumentando que o recente aumento nos custos de empréstimos, inclusive para a Itália, não era preocupante.

Alguns investidores ficaram assustados com a volatilidade do mercado nas últimas semanas, que elevou o prêmio que a Itália deve pagar para obter empréstimos, e disseram que a turbulência foi uma lição para o BCE manter um esquema que constitui um elemento-chave na luta contra aumentos inesperados dos rendimentos.

Mas Kazaks disse que a medida era apenas um reflexo do aumento do déficit orçamentário da Itália e que isso não deveria impedir o BCE de debater um fim antecipado de seus reinvestimentos no Programa de Compra de Emergência Pandêmica de 1,7 trilhão de euros (1,8 trilhão de dólares).

"Com relação à Itália, pelo menos no estágio atual, não vejo nada que me preocupe quanto a um comprometimento do mecanismo de transmissão ou algo que eu consideraria uma reação injustificada do mercado", disse Kazaks à Reuters.

O BCE deverá reinvestir todos os recursos do Programa até o final de 2024, mas alguns pediram um fim antecipado, já que o banco vem apertando a política monetária para combater a inflação.

"Eu diria que ganharíamos credibilidade se ajustássemos os instrumentos e explicássemos isso, em vez de ficarmos presos a um instrumento por muito tempo", disse Kazaks. "Se eu acho que é necessário ou possível encerrar os reinvestimentos antes do final do próximo ano? Minha resposta seria sim."

Kazaks também disse que o BCE deveria rever o aumento da exigência de reservas obrigatórias para os bancos comerciais, o que forçaria os credores a depositar mais dinheiro no banco central sem juros.

No entanto, Kazaks minimizou as perspectivas de novos aumentos dos juros e argumentou que a comunicação no BCE deve agora migrar de novos incrementos para o prazo em que as taxas devem seguir elevadas.

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"Acho que os níveis das taxas de juros são bastante apropriados para que possamos voltar a ter uma inflação de 2% no segundo semestre de 2025", disse ele. "Mas não posso fechar a porta para um novo aumento dos juros em um futuro próximo."

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