Ibovespa recua pressionado por tombo de Petrobras; JBS dispara
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta quarta-feira, pressionado pelo tombo da Petrobras após anúncio de troca de CEO desencadear receios sobre interferência política na estatal, enquanto JBS disparava na esteira do resultado trimestral.
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Às 11:38, o Ibovespa caía 0,91%, a 127.345,49 pontos, com o pregão ainda marcado por vencimento de opções do índice e dados de preços ao consumidor nos Estados Unidos, que subiram menos do que o esperado em abril.
O volume financeiro somava 9,18 bilhões de reais.
Nos EUA, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,3% no mês passado, após avançar 0,4% em março e fevereiro, de acordo com o Departamento do Trabalho. Nos 12 meses até abril, o índice teve alta de 3,4%, de 3,5% em março.
Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,4% no mês e de 3,4% no comparativo anual.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice subiu 0,3% em abril, de alta de 0,4% em março. Em 12 meses, o núcleo aumentou 3,6%. Esse foi o menor avanço anual desde abril de 2021 e seguiu-se a um aumento de 3,8% em março.
Após os dados, os contratos futuros dos juros nos EUA precificavam chance de 73% de um corte na taxa de juros norte-americana pelo Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve, em setembro, de 69% antes do relatório.
"Ao todo, os dados de inflação continuam a mostrar rigidez nas categorias de serviços, o que pode ser uma restrição para o início do ciclo de flexibilização no curto prazo", ponderou Francisco Nobre, da XP Macro.
"Ainda assim, quando se analisa a vasta gama de indicadores da atividade e do mercado de trabalho, torna-se mais claro que a economia global dos EUA está arrefecendo, o que deverá eventualmente reduzir as pressões sobre os preços", afirmou.
Ainda na pauta norte-americana, as vendas no varejo ficaram estáveis em abril, ante previsão no mercado de alta de 0,4%, com preços mais altos da gasolina afetando as compras de outros produtos, indicando perda de força dos gastos do consumidor.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN caía 6,41%, após o anúncio da saída do CEO da companhia, Jean Paul Prates, e a decisão do Ministério de Minas e Energia de indicar Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), como substituta. "A mudança na gestão adiciona incerteza ao caso de investimento e aumenta a percepção de risco dos investidores", afirmaram analistas da XP. A diretora de Assuntos Corporativos da Petrobras, Clarice Coppetti, é a mais cotada para assumir ainda nesta quarta-feira a presidência da petroleira de forma interina, disseram à Reuters três fontes com conhecimento do assunto.
- JBS ON disparava 8,91%, após a maior processadora de carnes do mundo reportar lucro líquido de 1,646 bilhão de reais no primeiro trimestre, revertendo prejuízo de 1,45 bilhão de reais registrado no mesmo período do ano passado, com melhorias na maior parte dos negócios, enquanto o segmento bovinos nos Estados Unidos ainda enfrenta desafios. Executivos da companhia também afirmaram que a JBS continuará a entregar desalavancagem, assim como esperar maior Ebitda e geração de caixa já no segundo trimestre.
- ENEVA ON subia 1,36%, tendo no radar o balanço do primeiro trimestre, com Ebitda de 1,09 bilhão de reais, recuo de 6,8% no comparativo anual. A Eneva ressaltou que o Ebitda do primeiro trimestre do ano passado foi impulsionado pelo impacto da marcação a mercado dos contratos de energia do segmento de comercialização. Excluindo esses efeitos, o Ebitda teria apresentado crescimento de 13,1% na comparação anual.
- VALE ON recuava 1,36%, em dia de queda dos preços futuros do minério de ferro na China, afetados pelas expectativas de retração sazonal da demanda no principal mercado consumidor do minério e pelo aumento das tarifas dos EUA sobre alguns produtos chineses. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com queda de 1,55%, a 858 iuanes (118,78 dólares) a tonelada.
- ITAÚ UNIBANCO PN perdia 0,3% e BRADESCO PN cedia 1,27%. BANCO DO BRASIL ON apurava declínio de 1,93%, também contaminado pela maior percepção de risco de interferência política em estatais após as notícias envolvendo a Petrobras.
- POSITIVO ON, que não faz parte do Ibovespa, saltava 6,55% na esteira do salto de mais de sete vezes no lucro líquido do primeiro trimestre, a 64 milhões de reais. O Ebitda somou 116 milhões de reais, crescimento de 36% ano a ano, mas a margem encolheu de 12,1% para 11,6%. A empresa atribuiu a contração da margem à tributação das subvenções, além de uma aceleração dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
- NUBANK, que tem suas ações negociadas em Nova York, valorizava-se 7,71%, após mostrar lucro líquido de 378,8 milhões de dólares no primeiro trimestre, um salto de mais de 160% em relação ao lucro de 141,8 milhões de dólares registrado no mesmo período do ano passado. Na base ajustada, o lucro atingiu 442,7 milhões de dólares, avanço de 143%, acima das expectativas no mercado.