Dólar cai ante real com mercado à espera de reunião de Lula e ministros sobre câmbio

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Após bater na véspera novo recorde para 2024, o dólar operava em baixa no Brasil nesta terça-feira, em meio à expectativa pela reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros da área econômica, à tarde, para tratar do câmbio e da situação fiscal, enquanto no exterior o dólar também sustenta baixas ante a maior parte das demais divisas.

Às 9h48 o dólar à vista caía 0,62%, a 5,6311 reais na venda. Na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,74%, aos 5,6550 reais.

Na véspera, em meio a rumores de que o Banco Central estaria consultando as Tesourarias de bancos sobre eventual intervenção no câmbio, o dólar à vista terminou a sessão em alta de 0,22%, cotado a 5,6665 reais na venda. Este é o maior valor de fechamento desde 10 de janeiro de 2022, quando terminou em 5,6723 reais. Em 2024, a divisa já acumula elevação superior a 16%.

Em meio à pressão de alta para o dólar, Lula vai se reunir às 16h30 com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad; e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, entre outros. Na terça-feira, Lula já havia anunciado este encontro que tratará do câmbio. Segundo ele, o governo fará "alguma coisa".

Em função da fala de Lula, na véspera o mercado chegou a cogitar a possibilidade de o governo alterar a dinâmica do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em negociações com a moeda norte-americana -- algo que já foi feito no passado --, mas Haddad negou a possibilidade.

Enquanto aguarda os desdobramentos da reunião da tarde, o mercado vai acompanhar novos discursos do presidente Lula, às 11h e às 15h, em eventos do Plano Safra. A percepção é de que quanto menos Lula abordar a questão do câmbio ou o trabalho do Banco Central, melhor para as cotações.

Isso porque os ataques constantes de Lula ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, e ao nível da taxa Selic, hoje em 10,50%, têm gerado ainda mais pressão para os mercados de câmbio e juros futuros, dizem analistas.

Já o Banco Central fará nesta sessão leilão de até 12 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de setembro de 2024. Por enquanto, nenhuma operação extra foi anunciada pelo BC para esta quarta-feira, apesar dos rumores da véspera de que a instituição estaria consultando as Tesourarias.

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Nos EUA, dados divulgados nesta manhã mostraram que foram abertas 150.000 vagas de emprego no setor privado no mês passado, depois de 157.000 em maio, em dado revisado, conforme o relatório da ADP. Economistas consultados pela Reuters previam criação de 160.000 vagas.

Já os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA atingiram 238 mil na semana passada, ante estimativa de 235 mil.

Com os números nas telas, o dólar seguia em baixa ante seus pares fortes e em relação à maior parte das demais divisas.

Às 9h53, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,15%, a 105,510.

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