FMI eleva previsão de crescimento dos EUA e Brasil mas reduz da China, e vê economia global sem brilho

Por David Lawder

WASHINGTON (Reuters) - O Fundo Monetário Internacional elevou nesta terça-feira suas previsões de crescimento econômico para 2024 para os Estados Unidos, Brasil e Reino Unido, mas cortou para China, Japão e zona do euro, acrescentando que há muitos riscos de conflitos armados, potencial de novas guerras comerciais e a ressaca de uma política monetária apertada.

O relatório Perspectiva Econômica Global do FMI nesta terça-feira disse que as mudanças deixarão o crescimento do PIB global em 2024 inalterado em relação aos 3,2% projetados em julho, estabelecendo um tom fraco para o crescimento no momento em que os líderes financeiros mundiais se reúnem em Washington esta semana para as reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial.

A previsão para o crescimento global em 2025 é de 3,2%, 0,1 ponto percentual abaixo do previsto em julho, enquanto o crescimento de médio prazo deve cair para "medíocres" 3,1% em cinco anos, bem abaixo da tendência pré-pandemia, mostrou o relatório.

No entanto, o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, disse que os EUA, a Índia e o Brasil estavam mostrando resiliência e que um "pouso suave" no qual a inflação esfria sem perdas massivas de empregos foi alcançado.

"Parece que a batalha global contra a inflação foi amplamente vencida, mesmo que as pressões de preços persistam em alguns países", disse Gourinchas em uma postagem de blog.

Mas ele disse à Reuters em uma entrevista que há um risco de que a política monetária possa se tornar "mecanicamente" muito apertada sem cortes nas taxas de juros em alguns países, à medida que a inflação diminui, pesando sobre o crescimento e os empregos.

"No momento, nossa avaliação da política monetária na maioria dos lugares é sobre onde queremos que ela esteja, mas se a inflação continuar caindo, os bancos centrais precisam começar a prestar atenção ao que está acontecendo no lado da atividade.

FORÇA DO CONSUMIDOR

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O FMI revisou sua previsão de crescimento dos EUA para 2024 para cima em 0,2 ponto percentual, para 2,8%, devido em grande parte ao consumo mais forte do que o esperado, alimentado pelo aumento dos salários e preços dos ativos. O credor global também atualizou sua perspectiva de crescimento dos EUA para 2025 em 0,3 ponto percentual, para 2,2%.

O Brasil obteve uma forte elevação de 0,9 ponto percentual, elevando sua taxa de crescimento projetada para este ano para 3,0%, também devido ao consumo privado e investimento mais fortes. O crescimento do México, no entanto, foi reduzido em 0,7 ponto percentual, para 1,5%, por causa dos efeitos da política monetária mais apertada.

O FMI cortou a taxa de crescimento da China em 2024 em 0,2 ponto percentual, para 4,8%, com o impulso das exportações líquidas compensando parcialmente a fraqueza contínua no setor imobiliário e a baixa confiança do consumidor. A previsão de crescimento da China em 2025 do FMI permaneceu em 4,5%, mas a perspectiva não inclui nenhum impacto dos planos de estímulo fiscal recentemente anunciados por Pequim, que ainda estão em grande parte indefinidos.

A Alemanha terá crescimento zero este ano, uma redução de 0,2 ponto percentual, já que seu setor manufatureiro continua a enfrentar problemas, projetou o FMI. A redução ajudou a arrastar para baixo a previsão para o crescimento geral da zona do euro para 0,8% em 2024 e 1,2% em 2025, apesar de uma melhora de 0,5 ponto percentual que levou o crescimento projetado da Espanha para 2,9%.

A Índia continua sendo um ponto positivo, com o maior crescimento projetado entre as principais economias, de 7,0% em 2024 e 6,5% em 2025, inalterado em relação à previsão de julho.

RISCOS COMERCIAIS

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Ao contabilizar os riscos para a perspectiva, o FMI sinalizou potencial para grandes aumentos de tarifas e medidas retaliatórias, mas não citou a promessa do candidato presidencial republicano dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas de 10% sobre as importações globais para os EUA e de 60% sobre produtos da China.

Em vez disso, ele contém um cenário adverso que inclui tarifas bidirecionais de 10% entre os EUA, zona do euro e China, além de tarifas dos EUA de 10% sobre o resto do mundo, redução da imigração para os EUA e Europa e turbulência no mercado financeiro que aperta as condições financeiras. Se isso ocorrer, o FMI disse que reduzirá o nível geral de produção do PIB global em 0,8% em 2025 e 1,3% em 2026.

Outros riscos descritos no relatório incluem o potencial de alta nos preços do petróleo e de outras commodities caso os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia se agravem.

O FMI alertou os países contra a adoção de políticas para proteger as indústrias e os trabalhadores nacionais, dizendo que elas muitas vezes não conseguem proporcionar melhorias sustentadas nos padrões de vida.

"O crescimento econômico deve vir de reformas nacionais ambiciosas que impulsionem a tecnologia e a inovação, melhorem a concorrência e a alocação de recursos, promovam a integração econômica e estimulem o investimento privado produtivo", disse Gourinchas em sua postagem no blog.

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