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Americanas mira Nordeste para abertura de novas lojas após lucro no 3º tri

14/11/2024 17h35

(Corrige sigla de empresa para HNT e não HRT no 3º bloco)

Por Luciana Magalhães

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SÃO PAULO (Reuters) - A Americanas pretende concentrar a abertura de novas lojas principalmente no Nordeste do país e em menor grau no Centro-Oeste, de olho em um público consumidor que segundo a gestão atual da companhia poderia ter recebido mais atenção da rede de varejo no passado, afirmou o presidente-executivo, Leonardo Coelho, nesta quinta-feira

A Americanas, que na véspera divulgou o primeiro resultado trimestral após pagar dívida da maioria de seus credores no âmbito de seu plano de recuperação judicial, encerrou setembro com um parque de 1.601 lojas ante 1.678 um ano antes.

"Estamos em parte final de seleção de algumas localidades para abertura de lojas", disse o executivo em conferência com analistas após a publicação do balanço trimestral.

Questionado posteriormente durante entrevista à Reuters, Coelho afirmou que atualmente a região em que a empresa tem mais vendas é o Nordeste.

"É uma região que talvez a gente tenha negligenciado um pouquinho no passado recente, sob a ótica de escolha de pontos", disse Coelho. "Os dados nesse momento mostram que Nordeste, e talvez o Centro-Oeste, sejam caminhos onde a gente tem a capacidade de crescer mais rapidamente", acrescentou o executivo.

Coelho, porém, preferiu não citar um número de novas aberturas de lojas após encerrar o terceiro trimestre com 21 fechamentos. Segundo ele, a gestão anterior, alvo de acusações envolvendo o escândalo contábil bilionário que obrigou o grupo a dar entrada com pedido de recuperação judicial no início do ano passado, "foi pouco analítica" nas decisões sobre abertura de lojas.

"Aprendendo um pouquinho com o passado, a gente vai abrir algumas poucas lojas num primeiro momento e testar o conceito, testar o fluxo", disse o presidente da Americanas na entrevista à Reuters. "Funcionou, aí a gente vai acelerar mais um pouquinho. Funcionou, aí a gente vai e acelera com tudo", acrescentou citando que a empresa vai começar a fazer os testes nos próximos meses com a abertura de "algumas lojas".

AÇÃO DISPARA 175%

Nesta quinta-feira, a ação da Americanas disparava, subindo 175% às 16h41, cotadas a 9,25 reais.

A diretora financeira, Camille Loyo Faria, afirmou que a Americanas precisa continuar entregando melhoria de resultados de forma consistente para que o mercado possa começar a valorizar a companhia, que quando cotada no patamar de 3 reais por ação implicava em um valor de mercado de cerca de 1 bilhão de reais.

"Valendo menos de 1 bilhão é totalmente errado, né? É muito pouco para essa companhia...Eu não acho que o mercado precisa enxergar a gente gerando 1,5 bilhão de Ebitda para começar a valorizar a nossa ação. O mercado precisa enxergar que a gente está caminhando consistentemente e entregando o que está prometendo", acrescentou a executiva.

Segundo ela, a Americanas deve conseguir obter no quarto trimestre, o principal período para o varejo no ano, melhora de sua margem bruta, apoiada em foco da administração exclusivamente na operação após pagamento da maior parte dos credores.

"Seguimos confiantes na expansão da margem bruta", disse a executiva durante a conferência com analistas, citando que ainda "há muito trabalho a ser feito".

O resultado da companhia no terceiro trimestre incluiu uma série de efeitos extraordinários decorrentes da recuperação judicial e pagamento de credores, e Faria afirmou que o desempenho "puramente operacional" da empresa mostrou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) "ainda negativo, mas estamos evoluindo na direção certa".

A empresa citou no balanço crescimento de 13,6% nas vendas do trimestre no conceito mesmas lojas, algo que o presidente-executivo da Americanas, Leonardo Coelho, atribuiu em parte ao foco da companhia em voltar suas lojas físicas para um sortimento tradicional do grupo que tem suas origens na década de 30 dos anos 1900.

"A proposta de valor da Americanas passa por mix muito próximo ao do passado, que mistura um pouco de indulgência de pequenos valores, com muito consumo de itens de pouco valor agregado, mas muito resilientes à crise e momentos onde o consumidor tem restrição de gastos", afirmou o executivo, referindo-se a produtos como bombons, eletroportáteis, produtos para casa e brinquedos.

Enquanto isso, o sortimento de produtos da companhia passou a ser formado por 14 mil itens (SKUs), dos quais 9 mil fixos ao longo do ano e o restante sazonais, ante um lema anterior à crise da empresa de ter disponível aos consumidores "tudo a todo momento em todo lugar".

"É audacioso, mas praticamente impossível de ser entregue", disse o executivo se referindo ao mote anterior da companhia.

Coelho afirmou que desde o anúncio do escândalo contábil que levou a empresa à recuperação judicial, ocorrido em janeiro de 2023, a Americanas fechou 100 lojas e tem utilizado parte das sinalizações das lojas que fecha na abertura de pontos novos em que considera que terá melhores resultados.

VENDAS DE ATIVOS

Questionada sobre o processo de venda de ativos do grupo, conforme estabelecido no plano de recuperação judicial, Faria disse que a rede de franquias Uni.co é a que tem a possibilidade de iniciar um processo de desinvestimento "em breve".

"É um negócio que performa bem, está maduro, cresce organicamente. Então esse aí talvez você veja a gente iniciando esse processo de forma mais breve", disse a executiva em entrevista à Reuters.

Já sobre o Hortifruti Natural da Terra, a diretora financeira da Americanas citou que não está nos planos do grupo atualmente uma retomada do processo de venda da empresa, que contratou recentemente um novo presidente-executivo para a operação.

"(A HNT) é um ativo que a gente enxerga ainda bastante oportunidade de otimização antes de partir para esse processo organizado de venda prevista no plano."

Segundo Faria, a venda da HNT ficaria mais para o final do processo de recuperação judicial da Americanas, previsto para se encerrar em fevereiro de 2027.

Mas, depois que a empresa conseguiu equacionar em meados do ano um quadro de patrimônio líquido negativo de 30,4 bilhões de reais e ter encerrado setembro com caixa de 482 milhões, a venda da HNT atualmente "não faz parte dos itens prioritários na nossa estratégia".

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