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Faturamento do setor de máquinas avança em outubro após mais de 2 anos de quedas, diz Abimaq

27/11/2024 14h07

Por Patricia Vilas Boas

SÃO PAULO (Reuters) - O faturamento líquido da indústria de máquinas e equipamentos subiu 6,4% em outubro versus o mesmo período do ano passado, para 26,3 bilhões de reais, puxado pela melhora nas exportações e das vendas no mercado doméstico.

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O resultado é o primeiro positivo após 28 meses consecutivos de quedas interanuais, afirmou a associação que representa o setor, Abimaq, em apresentação nesta quarta-feira.

Considerando apenas vendas no mercado doméstico, a receita líquida da indústria cresceu 6,5% em uma base anual, para 18,4 bilhões de reais. Na comparação com setembro, avançaram tanto a receita total (+11,3%) quanto a interna (+12%).

Ainda assim, a entidade manteve a previsão de que o setor terá um declínio de 7% no acumulado do ano, e aumentará 3,5% em 2025, uma recuperação após três anos seguidos de queda.

"O mês de outubro tem uma combinação de alguns fatores, a gente tem a base mais fraca (de comparação)... mas tem também alguns mercados que estão adquirindo mais máquinas", afirmou a diretora-executiva de Economia e Estatística da Abimaq, Cristina Zanella, destacando a indústria de transformação mais aquecida.

As exportações do setor ficaram quase estáveis ano a ano, com uma variação negativa de 0,6%, em 1,4 bilhão de dólares. Já as importações subiram 32,4% na mesma base, a 2,7 bilhões de dólares, conforme dados da Abimaq.

O consumo aparente de máquinas, que leva em conta equipamentos produzidos no país e importados, foi 21,6% superior em outubro em relação ao mesmo mês de 2023.

A melhora da receita de vendas ajudou a manter o uso da capacidade instalada em patamar superior ao observado no ano passado, com o setor encerrando outubro com utilização de 76,1%, versus 75,9% no mesmo período de 2023.

A carteira de pedidos, medida em semanas para o seu atendimento, caiu 3,3% ante outubro do ano anterior, mas a entidade destacou que o resultado não foi homogêneo, e que setores como produtores de máquinas para indústria de transformação e de base tiveram expansão nas encomendas.

MEDIDAS TARIFÁRIAS NOS EUA

Os representantes da Abimaq disseram que as tarifas prometidas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de 25% sobre todos os produtos do México e Canadá, podem abrir espaço para o Brasil aumentar suas exportações ao país, mas que ainda é cedo para se determinar o real impacto.

"Isso pode sim abrir uma possibilidade de exportação por parte da indústria brasileira de máquinas... a gente precisa só entender de fato o quanto é que a gente tem que estar competitivo para conseguir acessar o mercado americano", disse a diretora-executiva de Mercado Externo da Abimaq, Patrícia Gomes.

Ela ponderou que ainda é necessário saber o alcance das medidas. "Precisamos aguardar o detalhamento", afirmou a jornalistas nesta quarta-feira.

Em exportações de máquinas e equipamentos, os EUA são o principal mercado do Brasil, representando 26,8% do total das remessas.

Gomes destacou também as recentes conversas entre autoridades brasileiras e mexicanas sobre uma revisão e expansão dos atuais acordos comerciais, em um esforço para fortalecer os laços entre as duas maiores economias da América Latina. O país responde por 5,9% das exportações do Brasil, segundo a entidade.

"A gente tem acordo para o setor automotivo, um acordo ainda bem limitado. Há algumas conversas iniciais para retomar essa negociação com o México e ampliar para um acordo de livre comércio. Então pode ser uma possibilidade para o Brasil, especialmente para o setor de máquinas e equipamentos também."

MÁQUINAS AGRÍCOLAS

A Abimaq também reforçou que o setor de máquinas agrícolas deve cair cerca de 23% este ano, mas subir 8% em 2025, apoiado na cultura da soja e do milho.

"A gente não conta que vai ter seca", afirmou o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão.

No ano passado, a receita oriunda das vendas de máquinas agrícolas representaram 24% de toda a indústria nacional de máquinas e equipamentos.

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