Haddad nunca esteve tão forte, diz secretário-executivo da Fazenda

(Reuters) - O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse nesta segunda-feira que a forma como o pacote fiscal foi discutido, fechado e anunciado pelo governo assegurou unidade em torno das medidas e evidenciou a força do ministro Fernando Haddad e da equipe econômica.

"O ministro Haddad, e a nossa equipe da Fazenda, nunca esteve tão forte, essa é a minha percepção", afirmou Durigan em evento do banco XP. "Tanto que o que o presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) quis fazer quando chamou os ministros para mesa foi proteger o Haddad."

Os comentários de Durigan vêm após o governo ter anunciado na semana passada um conjunto de medidas para a contenção de gastos, acompanhado de proposta para elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda, mesmo após Haddad ter posto em dúvida o encaminhamento do tema este ano.

O pacote, anunciado após semanas de expectativa, veio com a promessa de economia de 327 bilhões de reais em seis anos, mas ainda assim frustrou o mercado e levantou preocupações quanto a um possível enfraquecimento político de Haddad.

Durigan reiterou que a reforma do IR só será discutida em 2025 e que é "inegociável" que a ampliação da faixa de isenção seja condicionada a medidas de compensação.

O secretário também argumentou que a discussão prévia prolongada em torno das medidas na Esplanada garantiu unidade e legitimidade às iniciativas de corte de gastos, o que poupará tempo no processo de discussão e aprovação no Congresso.

Ele reforçou que a prioridade é aprovar as medidas de contenção de despesas ainda este ano e acrescentou que as conversas já estão muito "azeitadas" no Congresso.

Durigan destacou ainda a iniciativa de impor um teto de 2,5% para o reajuste real do salário mínimo como um "gesto maior" do presidente Lula, já que a medida limita a política de valorização do salário mínimo conforme o ritmo de crescimento do PIB, que vigora hoje. Durigan disse que foi "muito difícil" mostrar para Lula que a iniciativa valeria a pena e que ele próprio não esperava que a mudança vingaria.

"O presidente tomou a decisão porque entendeu que vale a pena tirar o pé da valorização do salário mínimo por uma economia mais forte, por uma economia com menos inflação, por uma economia com as despesas dentro da banda do arcabouço", disse Durigan.

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"Ele compreendeu isso, com o ministro do Trabalho do lado dele", disse Durigan, em referência ao ministro Luiz Marinho, que chegou a ameaçar pedir demissão caso medidas relacionadas a sua pasta fossem propostas sem que ele fosse consultado.

(Por Isabel Versiani; Edição de Fabrício de Castro)

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