MRV&Co define nova estratégia para Resia e estima reduzir alavancagem em US$480 mi
Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) - A MRV&Co anunciou nesta quinta-feira nova estratégia para a Resia, sua subsidiária nos Estados Unidos, visando simplificar suas operações, estrutura organizacional e financeira, além de acelerar a desalavancagem do grupo.
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A estratégia inclui a venda de sete projetos, dos quais apenas um ainda está em construção, ao longo dos próximos dois anos e a desmobilização de mais de 60% do seu banco de terrenos. Nesse front, a MRV espera vendas em torno de 800 milhões de dólares até o final de 2026.
A subsidiária também vai reduzir seu ritmo de lançamentos "para um número mínimo de propriedades de alta rentabilidade nos próximos dois anos", disse o grupo em fato relevante ao mercado. Os recursos para esses lançamentos virão do banco de terrenos atual da companhia, de 20 milhões de dólares de capital adicional e 120 milhões de dólares de dívida de financiamento à construção neste período.
A MRV&Co destacou ainda que o início de novas obras está condicionado à execução do plano de desinvestimento, e que a Resia reduzirá suas despesas gerais e administrativas (G&A) para menos de 10 milhões de dólares em 2025, dos atuais 35 milhões anuais.
"Como consequência dessas medidas, a expectativa é que a alavancagem reduza em aproximadamente 480 milhões de dólares e que sejam gerados net proceeds em torno de 200 milhões de dólares até o final de 2026", afirmou a incorporadora.
A Resia encerrou setembro com dívida líquida de 630 milhões de dólares, versus 536 milhões no final de setembro de 2023, e alavancagem medida pela relação dívida líquida sobre patrimônio líquido total em 197%, de 170% um ano antes.
A empresa norte-americana, especializada na construção de imóveis residenciais para locação e posterior venda, registrou prejuízo líquido de 52,3 milhões de reais no terceiro trimestre do ano e perda de 157,8 milhões de reais no ano até setembro, conforme demonstrações financeiras mais recentes da MRV&Co.
O copresidente do grupo, Rafael Menin, já havia dito em uma teleconferência com analistas no mês passado que esperava adotar uma série de estratégias para tornar a operação da Resia mais "enxuta", em meio ao desafio que a subsidiária representava diante do cenário de juros elevados nos EUA.
MUDANÇAS NA LIDERANÇA
Adicionalmente, a MRV&Co também informou que o presidente-executivo da Resia, Ernesto Lopes, deixará o cargo no final de 2024, "visando perseguir projetos pessoais".
Para liderar a nova fase da subsidiária, Leonardo Guimarães Correa comandará o processo de reestruturação e venda de ativos da companhia e Ricardo Blás liderará a área de operação, segundo a construtora, que não especificou se os executivos dividirão o posto de Lopes.
O presidente-executivo da holding da família Menin, Matias Rotella, e o vice-presidente do conselho da MRV&Co, Nicola Calicchio, que ajudaram na elaboração da nova estratégia, irão apoiar o grupo na implementação das medidas, disse a empresa no comunicado.
"Acreditamos na solidez do modelo de propriedades multifamily e entendemos que esses ajustes são necessários no curto prazo para adequarmos nosso negócio à atual conjuntura econômica", acrescentou.