Ministério da Fazenda prevê mais inflação e menos crescimento em 2025
BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério da Fazenda reduziu a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 e elevou sua projeção para a inflação, informou nesta quinta-feira a Secretaria de Política Econômica (SPE), que aposta em uma melhora nos preços à frente com a valorização do real e a desaceleração da atividade.
A Fazenda agora projeta que a inflação medida pelo IPCA fechará 2025 em 4,8%, acima do teto da meta do Banco Central de 4,5% e ante previsão anterior, divulgada em novembro, de 3,6%.
Em 2024, o IPCA acumulou alta de 4,83%. A SPE destacou que a inflação seguirá resiliente diante de efeitos defasados da depreciação cambial e do ritmo aquecido da atividade.
Segundo o documento, a expectativa é de desaceleração dos preços de alimentos no ano, com perspectivas mais positivas para o clima e para a produção agrícola, e de alta na inflação de bens industriais e preços monitorados. Para serviços, a SPE prevê estabilidade, com desaceleração de preços sensíveis aos efeitos da alta da Selic nos mercados de crédito e trabalho.
Segundo a secretaria, 0,9 ponto percentual da inflação projetada para 2025 se deve a impactos diretos da variação cambial verificada até o final do ano passado, "cenário que pode mudar a depender da dinâmica cambial nos próximos meses".
Na avaliação do secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, uma eventual persistência do cenário recente de valorização do real poderá reduzir a inflação com mais intensidade do que o previsto atualmente pela pasta.
Para ele, a desaceleração do PIB previsto para este ano também coloca a atividade em nível “mais próximo do que consideramos o potencial não inflacionário do país”.
PIB MAIS FRACO
O relatório da SPE reduziu a previsão para o PIB de 2025 de 2,5% para 2,3%, refletindo, segundo a pasta, o ciclo contracionista das políticas fiscal e monetária.
"É um arrefecimento (do PIB), mas ainda em um patamar que mantém um dinamismo da economia brasileira compatível com o esforço de trazer a nossa inflação de volta para mais perto da meta ao longo do tempo", disse Mello.
Para ele, a composição do crescimento deste ano, que deve ser impulsionado por uma safra mais forte do agronegócio, tende a ser mais benigna para o cenário inflacionário.
O secretário ainda afirmou que uma perspectiva de maior produção global de petróleo é outro fator que poderá colaborar com o controle da inflação, ao impactar positivamente preços de combustíveis.
Ele acrescentou que o governo observa o patamar do câmbio e seus reflexos sobre preços.
"Caso esse câmbio mais valorizado persista, obviamente, isso terá impactos no nosso cenário inflacionário, impactos de redução desse quadro", disse.
Após fechar 2024 próximo a R$6,20, o dólar perdeu tração frente ao real no início deste ano, acompanhando movimento global. A moeda norte-americana operava em R$5,78 no meio da tarde desta quinta-feira.
Em meio às previsões de desaceleração da atividade, Mello ainda afirmou que o mercado de trabalho no Brasil deverá arrefecer neste ano, mas ainda apresentará saldo positivo.
"Você vai continuar tendo resultados satisfatórios do ponto de vista do mercado de trabalho, mas em um ritmo menor", afirmou.
(Por Victor Borges e Bernardo Caram)
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