XP revisa modelo de Lojas Renner citando margens brutas menores, pagamentos de bônus mais altos

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - Analistas da XP reiteraram recomendação "neutra" para as ações da Lojas Renner e cortaram o preço-alvo dos papéis de R$15 para R$14, afirmando que permanecem cautelosos em relação à dinâmica de resultados da varejista de moda e enxergam riscos de deterioração do cenário macro.

O relatório foi publicado no final da sexta-feira, após a divulgação do resultado do quarto trimestre da companhia, que ficou abaixo das expectativas no mercado, e da teleconferência da empresa com analistas para explicar os números. Naquele dia, as ações fecharam com um tombo de 14%, mesmo com o anúncio de programa de recompra pela companhia.

Nesta segunda-feira, os papéis chegaram a abrir em alta, avançando mais de 3% no melhor momento, mas perderam o fôlego e nesta tarde caíam mais de 4%, a R$11,27.

No relatório da XP, os analistas citaram que revisaram o modelo da empresa considerando margens brutas menores, pelos efeitos negativos de Ajuste a Valor Presente (AVP), juntamente com uma mensagem mais cautelosa em relação à pressão de custos sendo repassada aos preços.

Danniela Eiger e equipe também colocaram na conta da atualização do modelo para a Lojas Renner pagamentos de bônus mais altos, já que consideram 2024 como um ano normalizado, bem como melhores resultados da Realize, com menores despesas operacionais e taxas de inadimplência.

A previsão para o lucro líquido passou para R$1,262 bilhão em 2025 e R$1,530 bilhão em 2026, de projeção anterior de R$1,415 bilhão e R$1,674 bilhão, respectivamente. Para o Ebitda, eles reduziram as estimativas em 6,5% para 2025, a R$2,879 bilhões, e em 4,4%, para R$3,384 bilhões em 2026.

Os analistas afirmaram que um dos principais pontos negativos dos resultados do quarto trimestre foi a margem bruta do varejo, com a empresa mencionando que as taxas de juros mais altas resultaram em um impacto de 0,3 ponto percentual pelo AVP, enquanto também está adotando uma abordagem mais cautelosa em relação ao repasse da pressão de custos aos preços.

Eles também chamaram a atenção para o Ebitda menor do que o esperado, impactado pelo pagamentos de bônus mais alto no trimestre.

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"Os executivos mencionaram que isso está alinhado aos níveis históricos, com 2023 distorcendo a base de comparação. Assim, assumimos pagamentos de bônus ligeiramente mais altos à frente, embora ainda projetamos uma expansão da margem Ebitda pela alavancagem operacional, principalmente nas despesas gerais e administrativas", afirmaram no relatório.

Nesta segunda-feira, a Lojas Renner divulgou comunicado ao mercado a fim de esclarecer como funciona o Programa de Participação nos Resultados (PPR) da companhia e os critérios que embasaram a sua apuração no exercício social de 2024.

A empresa disse que, conforme divulgado nas demonstrações financeiras anuais, o PPR total de R$150,7 milhões em 2024 será distribuído entre cerca de 21 mil colaboradores, excluindo administradores, que não são elegíveis ao programa.

A Lojas Renner disse que o PPR é ativado somente se a companhia atingir uma meta mínima anual de EBIT e acrescentou que as metas do PPR incluem não apenas marcos financeiros, mas também objetivos não financeiros que são essenciais para a criação de valor sustentável a longo prazo da companhia. E reforçou que o PPR é calculado com base nos resultados anuais e não nos desempenhos trimestrais.

Na visão da equipe da XP, os executivos também trouxeram na teleconferência de sexta-feira um tom mais cauteloso em relação a 2025, destacando que esperam que o aumento de preços fique abaixo da inflação, mas com crescimento de volume -- assim, esperam continuar crescendo acima da média do setor.

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