Petrobras poderá voltar a antecipar investimentos em 2025, como fez em 2024, diz CEO

"Eu posso dizer que a gente está trabalhando para chuchu", afirmou Chambriard, em entrevista a jornalistas.

Na véspera, a petroleira surpreendeu o mercado ao reportar investimentos de US$16,6 bilhões em 2024, cerca de US$2,1 bilhões acima da previsão da empresa para o ano.

O anúncio, que veio junto com dividendos referentes ao quarto trimestre de US$9,1 bilhões, abaixo do esperado, fez as ações da companhia caírem.

Chambriard disse em conferência com analistas que entende a "frustração" com a remuneração aos acionistas abaixo do esperado, mas que isso foi resultado principalmente da antecipação de uma plataforma no campo de Búzios, de alta rentabilidade, que vai se tornará o maior produtor do mundo em águas profundas.

A unidade, que entraria em operação em 2025, começou a produzir ainda em 2024.

"Antecipar investimentos em Búzios é tudo que qualquer investidor vai querer", disse Chambriard, pontuando que é "óleo no bolso".

O campo de Búzios deverá produzir 2 milhões de barris/dia até 2030, com entrada de novas plataformas.

O campo deverá sair do patamar de 800 mil barris dia atualmente para 1 milhão de barris/dia durante o segundo semestre deste ano, reforçou a executiva.

GUIDANCE MANTIDO

Apesar da antecipação dos investimentos de 2025 para 2024, a presidente explicou que a Petrobras manteve a meta de investimentos para 2025 em US$18,5 bilhões. No entanto, detalhou que a previsão no plano de negócios permite que o montante possa variar 10% para cima ou para baixo.

A mesma coisa aconteceu com a meta de produção para 2025, que foi mantida. A previsão de produção de petróleo para o ano é de 2,8 milhões de barris de óleo equivalente por dia, podendo variar 4% para cima ou para baixo.

"Quando a gente fala em produção, a gente fala numa produção mais ou menos 4%. E quando a gente fala em investimento, a gente fala em investimento mais ou menos 10%. Então nós ainda estamos dentro do 'range'", disse Chambriard.

O movimento ocorre após a executiva ter assumido o comando da petroleira estatal em maio do ano passado, com um mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acelerar investimentos da companhia, para estimular a economia, com geração de emprego e renda.

A executiva também destacou aos analistas que acredita que 2024 foi ano muito positivo e que 2025 será ainda melhor.

A Petrobras registrou prejuízo líquido de R$17 bilhões no quarto trimestre, ante um lucro líquido de R$31 bilhões no mesmo período de 2023, com impactos de natureza contábil relacionados ao câmbio e também com queda nos resultados dos segmentos de exploração, produção, refino e comercialização, informou a companhia na quarta-feira.

No ano passado, o lucro recuou 70,6% para R$36,6 bilhões.

(Por Marta Nogueira, Fábio Teixeira e Rodrigo Viga Gaier)