Trump promete tarifas contra México e Canadá para 4 de março e mais 10% sobre a China por causa do fentanil

Por Jeff Mason e Doina Chiacu e Andrea Shalal

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que as tarifas de 25% sobre os produtos mexicanos e canadenses passarão a valer no dia 4 de março, além de um acréscimo de 10% sobre as importações chinesas, porque drogas mortíferas continuam vindo desses países e entrando nos EUA.

Trump disse a repórteres no Salão Oval que as novas tarifas sobre produtos chineses viriam adicionais aos 10% que já aplicou em 4 de fevereiro, por causa da crise do fentanil, resultando em uma tarifa acumulada de 20%.

Trump anunciou as novas tarifas por meio de uma postagem em sua rede social, a Truth Social. Na postagem, Trump disse que as drogas ainda estavam entrando nos EUA em “níveis muito altos e inaceitáveis”, sendo que uma grande porcentagem delas era o opioide mortal fentanil.

Trump disse a repórteres que decidiu aumentar as tarifas sobre a China e manter o prazo de terça-feira dado aos governos de Canadá e México, devido ao progresso insuficiente na repressão à entrada de fentanil nos EUA.

Perguntado se México e Canadá progrediram no impedimento da entrada de fentanil nos EUA, Trump afirmou: “Não vi nada disso. Não, não em relação às drogas”.

“Há discussões em andamento com chineses, México e Canadá”, disse uma autoridade da Casa Branca à Reuters. “Tivemos um bom manejo da questão da imigração, mas ainda há preocupações quanto a outro assunto, as mortes por fentanil.”

Fontes disseram à Reuters que o México vai extraditar aos EUA o traficante Rafael Caro Quintero, condenado em 1985 por assassinar um agente da agência de combate às drogas dos EUA, mas solto em 2013 e que voltou a atuar no tráfico.

Segundo o Centro de Controle de Doenças, 72.776 pessoas morreram por causa de opioides sintéticos nos EUA em 2023, a maioria por causa do uso do fentanil.

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Agentes apreenderam 450 quilos da droga na fronteira sudoeste dos EUA em janeiro de 2025, uma queda de 50,5% em relação ao ano anterior, mas ainda o suficiente para matar muitos milhões de norte-americanos, disse a autoridade da Casa Branca.

Mas o congelamento da ajuda externa norte-americana está interrompendo os esforços para combater o comércio ilícito das drogas. A Reuters informou na segunda-feira que o fim do auxílio paralisou a expansão de um programa da Organização das Nações Unidas (ONU) para ajudar a Marinha Mexicana a rastrear melhor as cargas que entram nos seus portos.

TÁTICA

A decisão de Trump de elevar tarifas sobre produtos chineses reflete os aumentos sistemáticos ocorridos na guerra comercial com Pequim exercida durante o seu primeiro mandato, até que negociações comerciais ocorressem entre as duas maiores economias do mundo.

Até agora, o presidente chinês, Xi Jinping, não se envolveu no tema do fentanil, aplicando taxas retaliatórias de 10% sobre o setor energético e de equipamentos agrícolas dos EUA.

Mas Pequim pode reagir com mais força se as novas tarifas de Trump atingirem 20% em todos os produtos importados da China para os EUA, que totalizaram 439 bilhões de dólares no ano passado, segundo dados do Escritório do Censo dos EUA. Muitas dessas importações já enfrentavam tarifas de até 25% devido às ações comerciais do primeiro mandato de Trump.

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A aplicação de tarifas adicionais pode trazer riscos tanto para chineses quanto para norte-americanos. A China vem enfrentando uma crise imobiliária e uma demanda interna fraca, enquanto os EUA seguem com inflação e taxas de juros elevadas.

Em carta ao representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, a China afirmou que ela e os Estados Unidos devem abordar as preocupações nos campos econômico e comercial por meio de diálogo e consultas, realizados em igualdade de condições.

As declarações de Trump esclarecem parte da confusão que ele causou na quarta-feira sobre os prazos das tarifas. As falas sugeriam que ele podia adiá-las para 4 de abril.

No início de abril, Trump planeja implementar "tarifas de reciprocidade" para igualar o imposto de importação de outros países e compensar suas outras restrições.

FRONTEIRAS

Autoridades canadenses e mexicanas iriam se reunir com colegas do governo Trump em Washington nesta quinta e sexta-feira, para tentar reduzir as tarifas, que podem representar um duro golpe para a integrada economia da América do Norte.

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O ministro da Economia do México, Marcelo Ebrard, iria se reunir com Greer nesta quinta-feira e com o secretário de Comércio, Howard Lutnick, na sexta.

O vice de Ebrard, Vidal Llerenas, disse que o México pode impor outras medidas comerciais além das recentes tarifas sobre importações de baixo custo, com o objetivo de reduzir remessas baratas vindas da China.

No Canadá, o ministro da Segurança Pública, David McGuinty, afirmou que o progresso feito pelo país no reforço da segurança ao longo da fronteira com os Estados Unidos e no combate ao tráfico de drogas deve satisfazer o governo Trump.

"As evidências são irrefutáveis. O progresso está sendo feito", disse McGuinty.

(Reportagem de Doina Chiacu e Andrea Shalal; reportagem adicional de David Lawder em Washington, Disha Mishra em Bangalore e David Ljunggren em Ottawa)

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