Aramco sinaliza dividendos muito mais baixos e redução de pagamentos especiais
Por Yousef Saba
DUBAI (Reuters) - A gigante petroleira saudita Aramco sinalizou nesta terça-feira que cortará dividendos em quase um terço neste ano, o que significa que haverá menos fundos para o reino que tenta concluir vários projetos gigantescos e possivelmente terá um déficit orçamentário maior.
A Aramco 2222.SE disse que espera declarar dividendos totais de 85,4 bilhões de dólares em 2025, uma queda acentuada em relação aos pagamentos de 124 bilhões de dólares no ano passado, que ela afirmou terem sido baseados nos lucros de 2023 e 2024.
O governo saudita é diretamente dono de 81,5% da Aramco, enquanto seu fundo soberano controla mais 16%. Faz muito tempo que o governo aproveita pagamentos do grupo para investir em vários setores, enquanto tenta diversificar sua economia além do petróleo. Esses esforços incluem a construção ou reformas de 15 estádios para a Copa do Mundo de 2034, o mais importante de uma série de eventos que o reino sediará.
Os pagamentos do ano passado incluíram cerca de 43,1 bilhões de dólares em dividendos vinculados a desempenho, um mecanismo introduzido em 2023 em um incremento aos dividendos que são pagos independentemente dos resultados.
Na terça-feira, o conselho afirmou que pretendia pagar dividendos vinculados a desempenho de apenas 220 milhões de dólares no primeiro trimestre e disse que esperava que eles totalizassem 900 milhões de dólares para o ano inteiro, o que seria uma queda de 98% em relação a 2024.
Os pagamentos recordes de 2024 foram “essenciais para limitar tanto o déficit do ano passado quanto o aumento da dívida”, afirmou Monica Malik, economista chefe do Abu Dhabi Commercial Bank. Ela estimou que o déficit fiscal da Arábia Saudita subirá de 2,8% no ano passado para 4% do produto interno bruto em 2025.
“O orçamento parece reduzir gastos e já havia alguns sinais de uma queda em gastos do governo” no quarto trimestre, afirmou Malik.
Na terça-feira, a Aramco relatou uma queda de mais de 12% em lucro líquido, para US$106,2 bilhões em 2024. O fluxo de caixa livre caiu quase 16%, para US$85,3 bilhões. Preços médios realizados do petróleo caíram de US$83,6 em 2023 para US$80,2, segundo uma apresentação da empresa.
(Reportagem de Yousef Saba; reportagem adicional de Federico Maccioni)
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