Dólar tem forte queda na volta do Carnaval com foco em tarifas e economia dos EUA
Por Fernando Cardoso e Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista abriu em forte queda nesta quarta-feira, no retorno do mercado de câmbio após o Carnaval, à medida que os investidores acompanhavam as fortes perdas da moeda norte-americana no exterior em meio aos temores com uma guerra comercial e com o desempenho da economia norte-americana.
Às 13h10, o dólar à vista caía 1,91%, a R$5,8036 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 1,24%, a R$5,837.
Na sexta-feira, o dólar à vista havia fechado em forte alta de 1,50%, a R$5,9165 -- maior cotação de fechamento desde 24 de janeiro --, com investidores assumindo posições de proteção na moeda norte-americana para enfrentar o período de Carnaval no Brasil, que manteve o mercado fechado na segunda e na terça-feira.
Com a volta dos negócios nesta quarta-feira, o dólar iniciou em queda firme, com parte das posições compradas (no sentido de elevação das cotações) sendo desfeita e em sintonia com o recuo da moeda norte-americana no exterior.
Às 13h46 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 1,01%, a 104,500.
Um dos destaques era o avanço do euro ante a divisa norte-americana, de 1,32%, a 1,0767 dólar, após acordo político na Alemanha em torno de um fundo de infraestrutura de 500 bilhões de euros para impulsionar o crescimento.
Nos EUA, os agentes seguem atentos aos desdobramentos da política comercial do presidente Donald Trump após começarem a valer, na terça-feira, novas tarifas de importação de 25% sobre produtos do México e do Canadá, além de novas taxas sobre os produtos da China.
Se por um lado as tarifas sugerem a possibilidade de maior inflação nos EUA e juros mais elevados -- o que em tese favorece a alta do dólar --, por outro há uma percepção de desaceleração da atividade no país.
"Tem um movimento interessante que está acontecendo, com várias medidas de atividade econômica apontando para uma desaceleração muito forte nos EUA", pontuou Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, citando o efeito de políticas como cortes fiscais e demissões em massa no setor público.
"Isso vai bater inclusive no dólar, com a visão de que eventualmente o Fed vai cortar juros este ano."
(Por Fernando Cardoso e Fabrício de Castro)
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