Trump defende tarifas, se reúne com CEOs conforme temores econômicos afetam mercado acionário

Por Jeff Mason e Trevor Hunnicutt e David Shepardson

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu suas políticas tarifárias nesta terça-feira, quando se reuniu com CEOs das maiores empresas norte-americanas, incluindo muitas cujo valor de mercado caiu nos últimos dias, conforme os temores de recessão e inflação prejudicaram o sentimento dos consumidores e investidores.

O presidente republicano falou a cerca de 100 CEOs em uma reunião regular da Business Roundtable em Washington, um grupo influente de CEOs que lideram as principais empresas dos EUA, que incluem Apple, JPMorgan Chase e Walmart. Trump se reuniu com executivos de empresas de tecnologia na Casa Branca na segunda-feira.

Trump disse que o aumento de suas tarifas sobre muitas importações, que tem abalado os mercados globais e provocado a queda das ações, terá um impacto extremamente positivo ao longo do tempo.

"As tarifas vão gerar muito dinheiro para este país" e atrair empresas do exterior para construir fábricas nos Estados Unidos, disse ele.

Até o momento, as políticas econômicas de Trump têm se concentrado em uma série de anúncios de tarifas. Alguns dos impostos já entraram em vigor e outros foram adiados ou devem entrar em vigor mais tarde. Ele disse que essas medidas corrigirão as relações comerciais desequilibradas, trarão empregos de volta ao país e interromperão o fluxo de narcóticos ilegais do exterior.

Ele intensificou uma guerra comercial crescente com o Canadá, prometendo dobrar as tarifas que entrarão em vigor em poucas horas sobre todos os produtos de aço e alumínio importados do vizinho do norte dos Estados Unidos em 50%. A Casa Branca disse mais tarde que a tarifa permaneceria em 25% depois que as autoridades canadenses concordaram em negociar.

Os mercados ficaram assustados com a perspectiva de que as tarifas poderiam aumentar os preços para as empresas, impulsionando a inflação, e minar a confiança do consumidor em um golpe para o crescimento econômico.

O mercado acionário dos EUA estendeu as fortes vendas da última semana, que arrastou o índice de referência S&P 500 para uma queda de 3,6% desde a eleição de Trump em novembro do ano passado e de 5,3% até agora em 2025.

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"Os mercados vão subir e vão cair, mas quer saber? Temos de reconstruir nosso país", disse Trump aos repórteres mais cedo. "Algumas pessoas farão grandes negócios comprando ações e títulos e todas as coisas que estão comprando."

Investidores temem que as políticas comerciais de Trump possam desencadear uma desaceleração econômica. Enquanto isso, uma pesquisa com famílias norte-americanas mostrou que os consumidores estão ficando mais pessimistas em relação às suas perspectivas.

Trump já havia imposto uma tarifa adicional de 20% sobre os produtos chineses que entram nos Estados Unidos e tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e do México, embora tenha suspendido a maioria das tarifas sobre os vizinhos dos EUA até 2 de abril, quando planeja revelar um regime global de tarifas recíprocas sobre todos os parceiros comerciais.

Trump disse no mês passado que as políticas poderiam causar "dor no curto prazo" antes de trazer benefícios no longo prazo. Em uma entrevista à Fox News exibida no fim de semana, ele evitou prever se suas políticas econômicas causariam uma recessão. "Não vejo isso de forma alguma", disse Trump nesta terça-feira a respeito de uma recessão.

Até recentemente, os investidores estavam otimistas quanto ao fato de que as políticas de Trump tenderiam a estimular mais crescimento por meio de impostos mais baixos ou a aliviar as pressões inflacionárias afrouxando a regulamentação sobre a produção de combustíveis fósseis.

Mas os cortes de impostos precisam da aprovação do Congresso. E alguns economistas consideram que os planos de aumentar as deportações de imigrantes ilegais aumentam as pressões sobre os preços no mercado de trabalho, enquanto a redução da força de trabalho federal pode aumentar o desemprego.

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"Acho que, se todos nós estivermos nos tornando um pouco mais nacionalistas - e não estou dizendo que isso seja uma coisa ruim, sabe, isso me soa muito bem - isso terá uma inflação elevada", disse Larry Fink, presidente-executivo da BlackRock, membro da Business Roundtable, em uma conferência do setor na segunda-feira.

Os economistas do Goldman Sachs Group cortaram sua previsão de crescimento dos EUA para 2025 e aumentaram sua previsão de inflação, "ambos em função de suposições tarifárias mais adversas" A previsão continua positiva para o ano.

((Tradução Redação São Paulo)) REUTERS AC

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