Ibovespa avança e fecha acima de 131 mil pontos com impulso de JBS
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa confirmou a quinta alta seguida nesta terça-feira, renovando máximas em cinco meses, acima dos 131 mil pontos, com JBS disparando quase 18% após novo avanço nos planos de listar suas ações nos Estados Unidos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou em alta de 0,49%, a 131.474,73 pontos, após marcar 131.834,32 pontos na máxima e 130.721,97 pontos na mínima do dia. O volume financeiro somou R$21,26 bilhões.
Estrategistas têm relacionado a tendência mais positiva na bolsa paulista a uma rotação global de portfólio, bem como perspectivas de que o pico da Selic pode ser menor do que o esperado ou o Banco Central pode começar a reduzi-la mais cedo.
Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC deve elevar a taxa básica de juros do país em 1 ponto percentual, conforme sinalizado pela própria instituição, colocando a Selic em 14,25%, maior nível em quase uma década.
Assim, as atenções devem se voltar para o comunicado que acompanha a decisão, a ser divulgado no final do dia.
Para o economista Álvaro Frasson, do BTG Pactual, o Copom tem "a importante tarefa de manter uma comunicação 'hawkish' renovando, ou não, explicitamente as próximas decisões da política monetária".
Ele prevê uma alta de 1 ponto na quarta-feira, "sem margem para qualquer outra decisão senão seguir o 'forward guidance'", e mais duas de 0,5 ponto até o momento, citando a forte desancoragem das expectativas de inflação.
O Federal Reserve também anuncia decisão de política monetária na quarta-feira, com a previsão no mercado apontando manutenção dos juros na faixa de 4,25% a 4,50%. Investidores devem direcionar o foco para as projeções econômicas.
De acordo com Willian Queiroz, sócio e advisor da Blue3 Investimentos, o mercado brasileiro fechou na expectativa das decisões de juros nos EUA e no Brasil na quarta-feira, embora os movimentos nas respectivas taxas já estejam bem precificados.
No caso dos EUA, ele citou que agentes financeiros buscam entender como a maior economia dos EUA deve se comportar nos próximos meses, em meio a um ambiente de juros, e principalmente avaliar os riscos de uma recessão.
Em Wall Street, o sinal negativo prevaleceu nesta terça-feira, com o S&P 500 fechando com declínio de 1%.
DESTAQUES
- JBS ON disparou 17,89%, puxando o setor, após a BNDESPar, braço de investimentos do BNDES, que detém 20,8% da companhia, decidir se abster de votar sobre a proposta de dupla listagem de ações da empresa nos EUA e no Brasil. Na visão de analistas, a abstenção deixa a JBS mais perto da planejada operação, que pode destravar valor relevante das ações.
- SLC AGRÍCOLA ON saltou 8,11%, em dia de recuperação. Na véspera, o papel caiu 3,9%, após ter acumulado declínio de 2,9% na semana passada.
- YDUQS ON valorizou-se 5,51% após o grupo de educação divulgar na véspera lucro líquido de R$13,8 milhões no quarto trimestre do ano passado, revertendo o prejuízo de R$120,3 milhões um ano antes. O Ebitda ajustado cresceu 14,6%, para R$395,2 milhões com a margem passando de 28% para de 31,2%. No setor, COGNA ON subiu 3,98%.
- VALE ON subiu 0,74% relevando a queda dos futuros do minério de ferro na China, com o setor de mineração e siderurgia mostrando desempenho misto. CSN MINERAÇÃO ON caiu 0,64%, CSN ON recuou 2,28% e USIMINAS PNA perdeu 0,51%, mas GERDAU PN fechou negociada com acréscimo de 0,12%.
- B3 ON caiu 3,06%, em mais um dia de correção negativa, após forte valorização nos últimos três pregões da semana passada. Na véspera, a Reuters noticiou que o Mubadala busca formar um consórcio com até dez parceiros para fornecer liquidez para a bolsa de valores que espera lançar no Rio de Janeiro no começo de 2026. Para analistas do UBS BB, a parceria com bancos globais e formadores de mercado pode suportar volumes já no início, intensificando a competição com a B3.
- ITAÚSA PN avançou 0,74%, tendo no radar o balanço do último trimestre do ano passado, que mostrou lucro líquido recorrente de R$3,7 bilhões, crescimento de 16% ano a ano. A holding, que controla o Itaú e detém participações em CCR, Alpargatas e Dexco, entre outras, considera como certo que verá o fim da ineficiência tributária de mais de meio bilhão de reais da holding a partir do início de 2027.
- ALLOS ON ganhou 0,67% em meio ao resultado do quarto trimestre, com Ebitda ajustado de R$638,5 milhões, 12,4% acima de um ano antes. A maior empresa de shopping centers do Brasil também divulgou previsões, entre elas para o Ebitda, que deve ficar entre R$2,07 bilhões e R$2,15 bilhões este ano. O presidente da Allos, Rafael Sales, disse que continuou observando uma "demanda importante" nos primeiros meses de 2025.
- HAPVIDA ON avançou 3,06%, tendo de pano de fundo dados do setor de saúde complementar divulgados pela ANS para o último trimestre de 2024, mostrando um resultado líquido acumulado no ano de R$785,49 milhões para empresa. A Hapvida publicou fato relevante afirmando que os dados não refletem necessariamente resultado da companhia.
- PETROBRAS PN encerrou com variação positiva de 0,08% em dia de alta do petróleo no exterior, enquanto o noticiário sobre a companhia trazia divulgação da véspera de que a estatal identificou a presença de hidrocarbonetos em poço exploratório no bloco Aram, no pré-sal da Bacia de Santos. A Petrobras é a operadora do bloco e detém 80% de participação.
- ITAÚ UNIBANCO PN subia 0,54%, em dia sem tendência única no setor no Ibovespa, que teve como destaque positivo BTG PACTUAL UNIT, que avançou 1,92%.
(Por Paula Arend Laier)
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