Justiça do DF suspende leilão de potência elétrica e determina nova consulta pública

SÃO PAULO (Reuters) - Um juiz federal do Distrito Federal suspendeu a portaria do governo que trata do leilão de reserva de capacidade para reforçar a segurança do sistema elétrico brasileiro, e determinou a realização de uma nova consulta pública sobre as regras do certame.

A decisão do juiz Diego Câmara, da 17ª Vara Federal Cível do DF, atendeu a pedido apresentado em ação civil pública movida pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste).

A entidade solicitou a suspensão do certame até que fosse feita consulta pública sobre a nova sistemática do leilão, principalmente quanto à fórmula de definição do preço do lance, já que a alteração dessa fórmula poderia impactar as tarifas de energia pagas por todos os consumidores.

Marcado para 27 de junho, o leilão de reserva de capacidade será voltado a termelétricas e hidrelétricas e visa aumentar a confiabilidade e segurança do sistema elétrico brasileiro, colocando mais usinas flexíveis para operar e que possam fazer frente à variabilidade da geração das fontes renováveis solar e eólica ao longo do dia.

Alguns agentes do setor elétrico têm se movimentado para adiar o certame depois que decisões judiciais conquistadas por interessados mudaram parâmetros da licitação.

No fim da semana passada, a Eneva conseguiu, por meio de subsidiárias termelétricas, uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendendo o "fator a", um parâmetro de preço introduzido no leilão e que determinará o preço final a ser ofertado pelos participantes.

A variável questionada pela Eneva está ligada à flexibilidade da usina -- isto é, a quanto tempo ela demora para responder ao chamado do operador nacional do sistema --, algo que tornar menos competitivos os empreendimentos que têm maior tempo de acionamento.

Nesta semana, a Abrace, associação que representa os grandes consumidores de energia e gás, encaminhou ofício ao Ministério de Minas e Energia pedindo o adiamento do leilão e nova consulta pública de 15 dias.

A Abrace citou "questionamentos que levaram a alteração de premissas do leilão sem que fosse revisitado todo o processo de sua formatação e a atual situação de questionamento judicial em relação aos parâmetros que definirão os vencedores".

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"Avançar nessas condições representa um risco significativo, podendo resultar em custos bilionários desnecessários que serão repassados aos consumidores de energia", acrescentou a Abrace.

(Por Letícia Fucuchima)

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