Norueguesa Scatec mira leilão para trazer baterias ao Brasil, quer diversificar para eólica

Por Leticia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - A norueguesa Scatec está estudando o leilão de baterias para trazer projetos da tecnologia ao Brasil, ao mesmo tempo em que busca oportunidades de diversificar seu portfólio para a fonte eólica, afirmou nesta terça-feira o gerente geral da empresa para o país, Aleksander Skaare.

Segundo o executivo, o Brasil é um dos quatro mercados prioritários da geradora renovável, que tem atuação focada em países emergentes. Em um momento de turbulências geopolíticas e guerras tarifárias, o país apresenta estabilidade e previsibilidade nas esferas jurídica e regulatória que são essenciais para desenvolvimento de negócios, disse ele.

A companhia norueguesa já tem grandes projetos solares operacionais e em construção no Brasil, e agora está buscando novas oportunidades para crescer, seja trazendo novas soluções, como os sistemas de armazenamento de energia, seja em fontes nas quais ainda não opera localmente, como a eólica.

Diante do cenário desafiador para o lançamento novos empreendimentos de geração devido à sobreoferta de energia no país, uma potencial frente de negócios está no leilão que o governo brasileiro planeja para contratar baterias e sistemas de armazenamento para o setor elétrico.

"Estamos aguardando o leilão... Temos projetos híbridos e (bateria) 'stand-alone', temos a capacidade e histórico de fazer ambas as coisas. Vai depender de como vão ser definidas as regras do jogo, a regulação, para saber como implementar e como vai ser remunerado", ressaltou Skaare, em apresentação a jornalistas nesta terça-feira.

A Scatec está desenvolvendo grandes projetos de armazenamento de energia na África do Sul, Egito e Filipinas, mercados que, junto do Brasil, estão nas prioridades para negócios nos próximos anos. São empreendimentos que estão acoplados a usinas solares e até mesmo hidrelétricas, ou funcionarão de forma autônoma.

"Temos a confiança de diferentes governos que a gente consegue entregar (projetos de baterias)... Queremos trazer isso para o Brasil, estamos sendo bem proativos", destacou.

Em paralelo, a companhia quer diversificar sua plataforma de geração renovável no Brasil para a fonte eólica.

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"Estamos avaliando projetos que estão no início de desenvolvimento, seja através de parceiros ou com pessoal próprio... A gente já tem um portfólio robusto de solar, então faz muito sentido diversificar para energias alternativas, nesse caso a eólica", disse o executivo.

Atualmente, a Scatec tem em análise entre 800 megawatts (MW) e 1 gigawatt (GW) de projetos renováveis, concentrados principalmente no Nordeste, nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia, e em Minas Gerais.

A empresa já tem dois grandes empreendimentos solares operacionais em parceria com a Equinor no Nordeste, com energia contratada junto a grandes consumidores, como a Alunorte. Também está construindo uma terceira usina solar em Minas Gerais, com expectativa de entrada em operação até o início de 2026.

Apesar das dificuldades conjunturais do segmento de energias renováveis, afetado ainda por cortes de geração impostos na operação do setor elétrico, Skaare afirmou que o Brasil se destaca pela segurança jurídica e regulatória, aspecto importante em um momento em que investimentos em energias limpas estão sendo reavaliados diante das mudanças de agenda em mercados importantes como os EUA, com a aposta do governo Trump na indústria de óleo e gás.

"É importante para que isso (segurança jurídica e regulatória) continue, para não assustar (o investidor)", afirmou.

Em relação à guerra tarifária envolvendo EUA e China, ele vê incertezas sobre os preços dos módulos solares, com a cadeia de fornecimento praticamente toda concentrada na China.

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"Teve uma queda significativa dos preços (dos módulos), não era sustentável... Essa indicação de que os preços iam subir já iniciou antes da guerra tarifária, só que agora este é outro ponto relevante a ser analisado... Algum impacto vai ter", disse.

Ele ponderou que a situação para os geradores no Brasil passa ser mais "preocupante" considerando a revisão de impostos promovida pelo governo brasileiro anteriormente, com revogação de ex-tarifário e elevação de imposto de importação dos painéis.

(Por Letícia Fucuchima)

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