PESQUISA-BCE reduzirá juros em abril com base em riscos de queda do crescimento e da inflação
Por Indradip Ghosh
BENGALURU (Reuters) - O Banco Central Europeu cortará a taxa de juros em 17 de abril em meio a riscos de queda da inflação e desaceleração do crescimento, de acordo com uma pesquisa da Reuters com economistas realizada antes do anúncio dos Estados Unidos de uma pausa na maioria das tarifas recíprocas.
Em uma reviravolta surpreendente, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quarta-feira uma pausa de 90 dias nas pesadas tarifas impostas a vários países, excluindo a China, que agora enfrenta uma taxa maior de 125%. A medida fornece tempo a negociadores comerciais e às empresas do bloco europeu.
Os mercados globais se recuperaram de forma acentuada na quarta e na quinta-feira após o recuo de Trump.
No entanto, uma tarifa universal de 10% sobre quase todas as importações dos EUA continua em vigor e o anúncio não afeta as tarifas existentes sobre automóveis, aço e alumínio, sugerindo que os riscos negativos para o crescimento e a inflação da zona do euro permanecem.
O aumento de quase 7% do euro em relação ao dólar até agora neste ano também está aumentando a pressão baixista sobre a inflação na região, abrindo espaço para cortes adicionais nos juros pelo BCE.
O BCE, que reduziu a taxa de depósito seis vezes desde junho do ano passado, para 2,50%, deve fazer novo corte na próxima semana, de acordo com 61 dos 71 economistas entrevistados na pesquisa da Reuters de 7 a 9 de abril.
Uma maioria de mais de 70% espera apenas mais um corte em junho, levando a taxa de depósito para 2,00%, mas antecipado em relação à projeção de redução no terceiro trimestre em uma pesquisa de março.
Ainda assim, a perspectiva da taxa foi modesta em comparação com as apostas de operadores de futuros da taxa de juros, que estão precificando cerca de três reduções até o final de 2025, contra cerca de quatro na quarta-feira.
Também não houve maioria na pesquisa sobre onde os juros estarão no segundo semestre deste ano, mas a mediana das previsões foi de 2,00%.
"Esperamos que o BCE apresente um corte de 25 pontos-base na taxa de juros na reunião de abril", escreveram economistas do Morgan Stanley em uma nota publicada horas depois que os EUA declararam a pausa nas tarifas.
"Acreditamos que estamos no caminho certo para que o crescimento do primeiro trimestre de 2025 esteja em linha com a expectativa do BCE... Mas o foco estará nos riscos de queda da inflação decorrentes do ambiente externo (petróleo e câmbio)."
A extrema volatilidade da política comercial dos EUA - Trump já implementou tarifas e as reverteu várias vezes - tem deixado todos em dúvida, dificultando a realização de previsões com grande convicção.
"Com toda a honestidade, a situação atual não é apenas caótica, é louca", escreveu Carsten Brzeski, chefe global de macro do ING, em uma nota publicada após o anúncio.
"Poderíamos fazer algumas mudanças imediatas em nossas previsões, mas, dada a volatilidade, preferimos refletir um pouco mais sobre elas. Extrapolar tendências e eventos de curto prazo para o futuro tem se mostrado uma estratégia muito arriscada."
Todos os 33 economistas que responderam a uma pergunta adicional disseram que as tarifas dos EUA haviam afetado negativamente a confiança empresarial no bloco, com mais de um terço dizendo que afetaram de forma "muito negativa".
Uma maioria de 91% dos entrevistados, 32 de 35, pesquisados antes da pausa, disse que as tarifas dos EUA terão um impacto maior neste ano do que os planos de maiores gastos na zona do euro. Entretanto, a maioria disse que a situação será oposta em 2026.
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