STF rejeita recursos e mantém acordo de reparação por danos da Samarco em Mariana

BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou, por unanimidade, cinco recursos e decidiu manter a homologação do acordo para reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em novembro de 2015, informou o tribunal em nota nesta quinta-feira.

A decisão do STF pode ser vista com uma vitória para as mineradoras, após municípios e outras entidades contestarem o acordo de R$170 bilhões assinado em outubro do ano passado pelas autoridades e Samarco e suas controladoras Vale e BHP.

Pelo acordo para reparar e compensar a região atingida, as mineradoras destinarão R$132 bilhões em dinheiro novo, enquanto R$38 bilhões foram gastos desde o colapso da estrutura.

Na véspera, o plenário da corte rejeitou os recursos por terem sido apresentados por entidades que não fazem parte do processo.

Associações e federações ligadas a pescadores, comunidades quilombolas, povos indígenas e tradicionais, além do município de Ouro Preto (MG), tinham apontado omissões como vícios formais e procedimentais no processo, além de questionar os termos do acordo.

O colapso da barragem da Samarco, em Mariana, liberou uma onda de lama que matou 19 pessoas, além de deixar outras centenas desabrigadas, ao soterrar comunidades e atingir áreas de mata e rios, incluindo o Doce, em toda a sua extensão, até o mar do Espírito Santo.

REJEIÇÃO

Em seu voto para rejeitar os pedidos, o relator dos recursos e presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, disse que as cinco entidades que recorreram não são parte e tampouco aderiram ao acordo e que, por isso, não são afetadas diretamente pelo acerto.

"Por essa razão, não têm legitimação ou interesse para apresentar recurso", afirmou, na nota.

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Ainda assim, Barroso prestou alguns esclarecimentos diante do caso. Ressaltou que, para a admissão de recurso por contradição, é necessário que haja um conflito interno na própria decisão questionada, o que não ocorre no caso.

O ministro também enfatizou que não houve violação à autonomia dos municípios, que apenas aderiram ao acordo se entenderam que seus termos atendiam aos interesses locais.

O acordo global de reparação pelo rompimento de barragem da Samarco em Mariana (MG) recebeu a adesão de 26 dos 49 municípios elegíveis, segundo dados divulgados anteriormente pela Samarco.

(Reportagem de Ricardo Brito e Marta Nogueira)

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