Polícia de SP faz busca em endereços de banqueiros, diz G1
SÃO PAULO (Reuters) - A Polícia Civil do Estado de São Paulo promove nesta quarta-feira operação contra banqueiros e executivos acusados de desviar dinheiro de clientes brasileiros para uma offshore na América Central e não devolver os recursos, publicou o site G1, citando que mais de 50 policiais também cumprem mandados de busca e apreensão.
A Secretaria da Segurança Pública paulista não citou nomes dos envolvidos e afirmou em comunicado à imprensa que a Justiça determinou o bloqueio de cerca de R$500 milhões dos investigados. A pasta afirmou ainda que a investigação teve início a partir de denúncia feita ao Ministério Público que indicava possível prática de estelionato.
"Durante a apuração foi identificado um sofisticado esquema de movimentações patrimoniais, possivelmente voltadas à lavagem de dinheiro, o que incluía o uso de empresas de fachada e o uso de bens mantidos em paraísos fiscais."
A operação deflagrada pela Polícia Civil nesta quarta-feira tem o objetivo de coletar documentos, dispositivos eletrônicos, valores em espécie, obras de arte, joias e veículos de luxo. Também foi realizado o arresto de imóveis de alto padrão para evitar possíveis vendas, afirmou a secretaria.
Uma fonte confirmou à Reuters que endereços de Nelson Nogueira Pinheiro, Noberto Nogueira Pinheiro e Jaime Nogueira Pinheiro Filho foram alvos de busca e apreensão. Os executivos são sócios da empresa MRCP Participações S/A.
Noberto Nogueira Pinheiro também é fundador e presidente do conselho de administração do Banco Pine. O Pine não aparece entre as empresas que reportagem do G1 cita como alvos da operação: o banco panamenho FPB Bank, a empresa Brickell Participações e a Ducoco Produtos Alimentícios.
Procurado pela Reuters, o Pine afirmou que, desde 2005, quando Nelson Pinheiro encerrou sua participação como sócio minoritário do banco, a instituição não mantém qualquer vínculo com o empresário ou com suas atividades.
Em relação ao Noberto Pinheiro, o Pine afirmou que a menção ocorre pela participação minoritária do executivo em uma holding patrimonial familiar constituída pela matriarca da família para fins de planejamento sucessório, da qual Nelson faz parte juntamente com os demais herdeiros.
"Noberto Pinheiro permanece à disposição das autoridades competentes para prestar quaisquer esclarecimentos necessários", acrescentou o Pine.
"O Banco Pine não é objeto da investigação", reforçou a instituição em comunicado ao mercado no final da manhã.
As ações preferenciais do Pine abriram em queda, sendo cotadas a R$4,24 no pior momento, um declínio de mais de 3%, mas reverteram as perdas e, por volta de 13h20, eram negociadas em alta de 0,46%, a R$4,40. Na máxima, chegaram a R$4,43.
A reportagem do G1 cita que a investigação começou em 2023 depois de uma determinação do juiz da 1ª Vara de Falência e Recuperações Judiciais para investigar uma suspeita de fraude no pedido de recuperação extrajudicial de uma das empresas de Nelson Nogueira Pinheiro, a Brickell Participações S/A.
Citando a Polícia de SP, o G1 acrescenta que o FPB Bank, que integrava o Grupo Brickell, teria transferido investimentos de clientes, sem autorização, para uma offshore em Belize. Os ativos nunca foram devolvidos para os donos, segundo o G1.
A Reuters não conseguiu localizar de imediato representantes do grupo Brickwell, da MRCP, do FPB e dos empresários. A Ducoco não se pronunciou de imediato.
(Por Paula Arend Laier)
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