Guerra comercial pode reduzir crescimento e inflação na zona do euro, diz Cipollone, do BCE

FRANKFURT (Reuters) - Uma guerra comercial global pode reduzir tanto o crescimento econômico quanto a inflação na zona do euro e pode ter um "efeito inequivocamente recessivo" nos países envolvidos, disse o membro do Conselho do BCE Piero Cipollone nesta terça-feira.

As falas de Cipollone reforçaram o argumento favorável a um novo corte na taxa de juros pelo BCE em junho e também alertaram sobre os riscos de um mundo mais fragmentado, como obstáculos no fluxo de capital e até mesmo uma possível erosão do status do dólar como moeda de refúgio.

"O recente aumento na incerteza da política comercial pode reduzir o investimento empresarial da zona do euro em 1,1% no primeiro ano e o crescimento real do PIB em cerca de 0,2 ponto percentual em 2025-26", disse ele.

"O aumento observado na volatilidade do mercado financeiro pode implicar um crescimento menor do PIB de cerca de 0,2 ponto percentual em 2025."

Embora o impacto sobre a inflação seja menos claro, os efeitos de curto e médio prazo podem até mesmo ser desinflacionários para a zona do euro, acrescentou Cipollone.

Ele também esclareceu as implicações mais profundas da mudança de um mundo dominado pelos Estados Unidos e pelo dólar para um mundo fragmentado em blocos econômicos.

"Se as implicações de longo prazo das tarifas mais altas se concretizarem, principalmente na forma de inflação mais alta, crescimento mais lento e aumento da dívida dos EUA, isso poderá minar a confiança no papel dominante do dólar no comércio e nas finanças internacionais", disse ele.

Cipollone acrescentou que os bancos centrais precisam se preparar para "paradas repentinas nos fluxos de capital, interrupções nos pagamentos e volatilidade nos mercados de câmbio" por meio de "estruturas robustas de planejamento de contingência e gerenciamento de crises", enquanto as principais economias devem buscar alternativas ao protecionismo.

(Por Balazs Koranyi)

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