Dólar sobe em dia negativo para ativos brasileiros e de expectativa sobre juros

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a segunda-feira em alta ante o real, mas ainda abaixo dos R$5,70, em uma sessão no geral negativa para os ativos brasileiros e marcada pela expectativa antes das decisões sobre juros no Brasil e nos EUA, na próxima quarta-feira.

O dólar à vista fechou em alta de 0,61%, aos R$5,6905. No ano, a divisa acumula baixa de 7,91%.

Às 17h02 na B3 o dólar para junho -- atualmente o mais líquido -- subia 0,54%, aos R$5,7255.

Pela manhã os investidores ponderavam tanto as novas notícias sobre a guerra tarifária desencadeada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, quanto novos dados econômicos dos Estados Unidos.

Trump anunciou no domingo uma tarifa de 100% sobre os filmes produzidos fora do país, dizendo que a indústria cinematográfica norte-americana está tendo uma "morte muito rápida" devido a incentivos que outros países estão oferecendo para atrair cineastas. Além disso, afirmou que deseja um acordo justo com a China, seu principal alvo na guerra tarifária, mas não se aprofundou no assunto.

Já o Instituto de Gestão de Fornecimento informou na manhã desta segunda-feira que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor de serviços dos EUA aumentou de 50,8 em março para 51,6 em abril. Economistas consultados pela Reuters previam queda para 50,2.

Uma leitura do PMI acima de 50 indica crescimento no setor de serviços, que responde por mais de dois terços da economia norte-americana. O instituto associa uma leitura acima de 49 ao longo do tempo com o crescimento da economia como um todo.

“O ISM lá fora veio mais forte que o esperado, e as (taxas dos) Treasuries passaram a abrir logo depois da divulgação do índice. O DXY (índice do dólar) estava caindo e reduziu a queda”, pontuou o diretor da assessoria FB Capital, Fernando Bergallo. “Acho que teve aí um impacto (sobre o câmbio no Brasil)”, acrescentou.

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Após marcar a cotação mínima de R$5,6287 (-0,48%) às 9h25, antes da divulgação dos dados nos EUA, o dólar à vista atingiu a máxima de R$5,6910 (+0,62%) às 15h43.

O avanço do dólar ante o real também encontrava suporte na baixa forte do petróleo no exterior -- produto importante da pauta exportadora brasileira -- e no recuo do Ibovespa, superior a 1%.

Além disso, o mercado operava em meio à expectativa pela “superquarta”, quando o Federal Reserve e o Banco Central do Brasil anunciarão suas decisões sobre juros.

Enquanto os títulos norte-americanos precificavam à tarde 97,6% de chances de o Fed manter os juros na faixa entre 4,25% e 4,50%, no Brasil o mercado de DIs (Depósitos Interfinanceiros) precificava 73% de chances de alta de 50 pontos-base da Selic, hoje em 14,25% ao ano.

No exterior, às 17h13, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,09%, a 99,781.

Pela manhã, o boletim Focus do Banco Central indicou que a mediana das projeções do mercado para o dólar no fim de 2025 passou de R$5,90 para R$5,86.

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Também pela manhã, o BC vendeu toda a oferta de 20.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de junho de 2025.

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