Selic alta impacta custo de capital, competitividade e dívida pública, diz Alckmin
BRASÍLIA (Reuters) - Uma taxa Selic em nível alto tem um “impacto brutal” sobre o custo de capital e a competitividade do Brasil, além de um “efeito gigantesco” sobre o custo de rolagem da dívida pública, disse nesta terça-feira o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Em reunião da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), Alckmin voltou a defender que o Banco Central não considere as variações de preços de alimentos e energia ao analisar a inflação para tomar decisões de política monetária. Para ele, porém, este não é um tema a ser debatido agora.
"Não é discussão para este momento, mas, no futuro, nós precisamos aprimorar, porque não há dúvida de que a Selic alta tem um impacto brutal no custo de capital, na competitividade... E ela tem um efeito gigantesco na dívida, que é o principal problema, que é fiscal", disse.
O Banco Central decide na quarta-feira o novo patamar para a Selic. Em março, a autoridade monetária aumentou a taxa básica de juros em um ponto percentual, a 14,25% ao ano, prevendo uma elevação de menor magnitude nesta semana.
TARIFAS
Na reunião, Alckmin afirmou que aumentos de tarifas de importação pelos Estados Unidos tendem a beneficiar o agronegócio brasileiro, argumentando que o setor é forte e competitivo.
Para ele, no entanto, é preciso atenção com os impactos sobre a indústria do país.
Diante das tarifas mais altas nos EUA e um possível deslocamento para outros países do fluxo de produtos que originalmente seria comprado pelos norte-americanos, o vice-presidente disse que o governo colocou "alerta máximo" na análise das importações do Brasil.
"A gente é bastante cauteloso, defendendo a economia com lupa na defesa comercial, antidumping, aumento de imposto de exportação em alguns casos. E bastante critério para não encarecer a cadeia produtiva", disse.
No chamado "Dia da Libertação", em 2 de abril, o presidente Donald Trump anunciou tarifas adicionais sobre a maioria das importações dos EUA, com alguns países recebendo taxas mais altas. O Brasil, assim como outros países da América do Sul, ficou com a tarifa mais baixa, de 10%.
Uma semana depois, o presidente dos EUA anunciou uma pausa de 90 dias das taxas mais altas para a maioria dos parceiros, mantendo em vigor a tarifa mínima de 10% e as taxas sobre a China, a fim de permitir negociações comerciais.
(Por Bernardo Caram)
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