Taxas curtas fecham em alta e curtas em baixa após Fed e antes do Copom

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira com leves ganhos na ponta curta e leves perdas na ponta longa da curva a termo, com investidores à espera da decisão sobre juros do Banco Central, no início da noite, e digerindo comentários do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, após os juros seguirem estáveis nos EUA.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 -- um dos mais líquidos no curto prazo -- estava em 14,735%, ante o ajuste de 14,699% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,01%, em alta de 5 pontos-base ante o ajuste de 13,961%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,69%, em baixa de 3 pontos-base ante 13,72% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,73%, ante 13,757%.

Os investidores no Brasil operaram à espera dos dois principais eventos do dia: a decisão sobre juros do Fed, à tarde, e do BC brasileiro, no início da noite.

Pela manhã as taxas dos DIs chegaram a sustentar ganhos em todos os vencimentos, mas à tarde o desenho da curva era de leve desinclinação, com alta na ponta curta e baixa na longa -- ainda que em movimentos contidos.

A desinclinação seguiu mesmo depois de o Fed anunciar a manutenção de sua taxa de juros na faixa entre 4,25% e 4,50%, como era largamente esperado, e Powell fazer uma série de alertas sobre o cenário econômico. Em entrevista coletiva, ele afirmou que a incerteza é tão grande neste momento que o banco central dos EUA não pode fazer mudanças nos juros para lidar com o rumo que a economia possa estar tomando.

"Não é uma situação em que possamos ser preventivos porque, na verdade, não sabemos qual será a resposta correta aos dados até que vejamos mais dados", disse.

O chair do Fed avaliou ainda que, caso os aumentos de tarifas de importação anunciados pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sejam mantidos, será possível ver uma inflação mais alta e um nível de emprego mais baixo. O controle da inflação e a geração de empregos são justamente os dois mandatos perseguidos pelo Fed.

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“O Fed mergulhou em uma situação quase impossível, na qual seus dois mandatos provavelmente seguirão direções opostas”, comentou Seema Shah, estrategista-chefe global da Principal Asset Management.

“Cortes de juros serão necessários, mas, cada vez mais, parece que o Fed terá que esperar até o final do terceiro trimestre para que se abra uma janela de oportunidade”, acrescentou.

Após a decisão e os comentários de Powell, os rendimentos dos Treasuries de curto prazo tinham altas leves, enquanto os longos cediam. No Brasil, o desenho da curva era semelhante, com investidores à espera do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.

No fechamento desta quarta-feira a curva brasileira precificava 77% de chances de alta de 50 pontos-base da Selic, hoje em 14,25%, contra 23% de probabilidade de elevação de 25 pontos-base. No mercado de opções de Copom da B3, a precificação na terça-feira -- atualização mais recente -- era de 73,00% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic (ante 76,00% na sessão anterior), 25,00% de chances de alta de 25 pontos-base (ante 21,00%) e 1,30% de possibilidade de manutenção (1,50% na véspera).

“Estamos em compasso de espera. Ontem, ainda víamos cerca de 20% de probabilidade precificada de alta de apenas 25 pontos-base da Selic hoje.Os 50 não é dado, mas a chance é bastante elevada. Se o BC der apenas 25, isso indicaria fim do ciclo da Selic”, avaliou o head de renda fixa da Manchester Investimentos, Rafael Sueishi.

“Se der 50, o BC sinaliza que há espaço para mais uma alta residual em junho, porque os bancos centrais geralmente desaceleram (a alta de juros) antes de parar”, pontuou.

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Mais do que a decisão em si, o mercado estará atento ao comunicado do Copom, em busca de pistas sobre a Selic em junho.

No exterior, às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento -- caía 4 pontos-base, a 4,277%.

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