Marisa tem lucro de R$2,4 mi no 1º tri, com receita e margem maiores

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A Marisa teve lucro líquido consolidado de R$2,4 milhões nos primeiros três meses do ano, revertendo o prejuízo de R$148,3 milhões sofrido no mesmo período de 2024, em mais um resultado do plano de reposicionamento da marca e da reestruturação da companhia, que assegurou expansão de receitas e margens no período, com melhora na linha de despesas.

"Nós estamos vindo bem e a expectativa nossa do ano é uma muito boa, de continuidade com todo esse trabalho que nós estamos fazendo, de ajuste de coleção, planejamento, abastecimento", afirmou o presidente-executivo da companhia, Edson Garcia, em entrevista à Reuters, sem dar números sobre o desempenho nas primeiras semanas do segundo trimestre.

No primeiro trimestre, a receita líquida cresceu 17,7%, para R$297,9 milhões, enquanto as vendas em mesmas lojas subiram 19,2%, com a empresa destacando a expansão das linhas infantil e masculina. Apesar do foco no público feminino da classe C, o plano da empresa é tornar a Marisa um destino completo de compras para toda a família.

Garcia também chamou a atenção para a expansão da base ativa de cartões Marisa, com crescimento de 92,4% frente ao primeiro trimestre do ano passado, atingindo a marca de quase 1 milhão de cartões, como mais um componente para a expansão da receita líquida no começo de 2025. As vendas com o cartão representaram 22,9% das transações, de 16,1% um ano antes.

A margem bruta aumentou para 51,1%, de 45,8% um ano antes, conforme os custos das mercadorias vendidas e prestação de serviços registraram expansão em um ritmo menor do que a receita, de 6,2%. As despesas com vendas, gerais e administrativas em relação à receita líquida, por sua vez, mostraram queda de 10,9 pontos percentuais, para 48,7%.

O resultado operacional medido pelo Ebitda totalizou R$86,4 milhões, revertendo a performance negativa em R$29,6 milhões no primeiro trimestre de 2024. A margem Ebitda ficou em 29%.

Os investimentos (capex) somaram R$4,4 milhões primeiro trimestre de 2025, acréscimo de 46,7% em relação aos mesmos meses do ano passado, com a empresa priorizando gastos na ampliação e reformas das lojas e em tecnologia da informação.

De acordo com o presidente-executivo da companhia, no primeiro trimestre a Marisa implementou uma nova tecnologia e reforçou a equipe de planejamento para melhorar a previsão de demanda, e agora no segundo trimestre está adotando uma ferramenta de abastecimento automatizada.

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"Eu tenho um planejamento muito mais bem feito... uma melhor assertividade na previsão de demanda, menos rupturas, um potencial de venda maior e redução de remarcações, porque eu vou colocar o produto no lugar certo... Vou melhorar minha rentabilidade, minha margem", afirmou.

MAIS LOJAS TALVEZ EM 2026

Ao final de março, a Marisa tinha 233 lojas, de 235 unidades no mesmo período de 2024. A base ativa de clientes, por sua vez, cresceu 13,3%, para 6,3 milhões, e o "churn" (clientes sem compras há mais de 12 meses) foi reduzido em 58,4%.

Garcia afirmou que 2025 ainda não é um ano de expansão de lojas, embora ele afirme gostar muito do tema.

"Esse é o ano da estabilização, de levar a empresa para um outro patamar, entregar os resultados, e talvez a partir do ano que vem vamos começar a discutir essa agenda mais positiva de crescimento, que é uma agenda que com certeza virá. Só não queremos colocar isso agora, porque como temos muitas coisas ainda pra fazer, isso desvia o foco", afirmou.

A dívida líquida saltou para R$110,3 milhões, de R$29,7 milhões no final de 2024, enquanto o caixa caiu de R$93,5 milhões para R$10,3 milhões.

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No material de divulgação do balanço, a Marisa afirmou que esse movimento está alinhado ao perfil sazonal do setor, já que o primeiro trimestre é historicamente o de menor geração de caixa, em comparação com o último trimestre do ano. "Também financiamos a operação, neste início de 2025, com recursos próprios, diferentemente do primeiro trimestre de 2024."

De acordo com o executivo, esse movimento está relacionado a aumento de estoques pela companhia, financiados com recursos do caixa, então a expectativa é de melhora nessas linhas do balanço no próximo trimestre. "Você está pagando antecipado para vender até agosto", explicou, reforçando que esse movimento nos estoques foi relevante para a expansão das vendas.

No final de março de 2025, o índice dívida líquida/Ebitda dos últimos 12 meses situou-se em 0,5 vez, "um múltiplo bem baixo, bem controlado", afirmou Garcia. No final de 2024, esse índice estava em 0,2 vez.

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