Escrivá, do BCE, vê riscos para setor financeiro global decorrentes de política comercial dos EUA

MADRI (Reuters) - As tensões geopolíticas e comerciais decorrentes das tarifas dos Estados Unidos representam um risco para a estabilidade do sistema financeiro internacional e para o crescimento econômico global, alertou o membro do Banco Central Europeu José Luis Escrivá nesta terça-feira.

O presidente dos EUA, Donald Trump, tem ameaçado repetidamente os parceiros comerciais com uma série de medidas tarifárias punitivas, apenas para revogar algumas delas no último minuto, deixando os líderes mundiais perplexos e assustando empresários.

Escrivá considerou a imprevisibilidade das políticas do governo Trump, do comércio à economia em geral, como um dos riscos que definem o ambiente global, com a "possível deterioração da confiança dos investidores internacionais na economia dos EUA" também gerando incerteza.

"Todos esses fatores têm um impacto decisivo sobre as perspectivas de crescimento global e representam riscos para a estabilidade do sistema financeiro internacional", escreveu Escrivá, que também preside o banco central da Espanha, em seu relatório anual.

Um aumento nas tarifas afetaria negativamente a atividade global, principalmente nos EUA e, em menor grau, na zona do euro e na Espanha, disse Escrivá, citando uma análise de vários cenários.

Ele ainda identificou riscos claros de queda para a Espanha nos próximos trimestres em um ambiente incerto.

"Embora a exposição comercial direta da Espanha aos Estados Unidos seja relativamente limitada, os vínculos indiretos por meio das cadeias de oferta globais, bem como os canais financeiros e de confiança globais, são significativos e devem ser monitorados cuidadosamente", disse Escrivá.

Se as "tarifas recíprocas" anunciadas por Trump no mês passado fossem finalmente implementadas, a tarifa média paga pela Espanha em suas exportações para os EUA aumentaria de 12% para 18%, acrescentou.

(Por Jesús Aguado)

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