Pequena maioria dos votos de acionistas da JBS se opõe a plano de listagem nos EUA em contagem parcial

Por Luciana Magalhaes e Ana Mano

SÃO PAULO (Reuters) -Uma contagem inicial dos votos dos acionistas da JBS, divulgada nesta quinta-feira, mostrou que uma pequena maioria se opõe à proposta da empresa de listar suas ações nos Estados Unidos, colocando em risco um plano que impulsionou uma forte alta de suas ações.

Em um comunicado ao mercado, a maior processadora de proteína animal do mundo divulgou um boletim de votação mostrando que cerca de 52% dos votos até agora se opuseram ao plano.

A contagem preliminar ressaltou que a questão será decidida em uma reunião de acionistas na sexta-feira, que tabulará os votos pendentes dos acionistas minoritários.

As ações da JBS, que subiram mais de 30% desde meados de março, uma vez que analistas elogiaram as vantagens de uma listagem nos EUA, chegaram a subir mais 1% nas negociações da manhã desta quinta, mas depois devolveram os ganhos e operavam em queda de 1%.

Os planos da JBS para a listagem nos EUA foram adiados várias vezes na última década, prejudicados por escândalos envolvendo os principais acionistas da empresa, os irmãos Joesley e Wesley Batista, bem como por preocupações sobre seus impactos ambientais e a transparência de suas metas climáticas.

Desde que a SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, deu sinal verde para a listagem em Nova York, no final de abril, grupos ambientalistas e políticos norte-americanos têm manifestado preocupações.

O documento desta quinta-feira mostrou cerca de 271 milhões de votos contra a proposta de retirar as ações da bolsa de valores de São Paulo para criar uma listagem dupla EUA-Brasil por meio de uma entidade com sede na Holanda. A questão teve 246 milhões de votos a favor e mais de 3 milhões de abstenções.

Em uma assembleia de acionistas na sexta-feira, a JBS espera tabular até 210 milhões de votos adicionais de acionistas minoritários, de acordo com uma pessoa familiarizada com o processo, que disse que esses votos podem mudar o resultado a favor do plano da empresa.

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Se a proposta for aprovada, as ações da JBS serão negociadas na Bolsa de Valores de Nova York e na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) por meio de Brazilian Depositary Receipts (BDRs).

Recomendações recentes das empresas de consultoria Glass Lewis e Institutional Shareholder Services (ISS) lançaram novas dúvidas sobre a proposta. Ambas questionaram a estrutura da listagem, alertando que poderia acabar enfraquecendo os direitos dos acionistas minoritários.

De acordo com a estrutura proposta, uma empresa sediada na Holanda emitirá ações Classe A, que serão negociadas publicamente, e ações Classe B, que terão 10 vezes mais poder de voto.

Em um cenário potencial, os acionistas controladores da JBS poderiam ficar com 85% do poder de voto.

A JBS defendeu a estrutura proposta, dizendo aos acionistas em uma carta que a ISS não havia reconhecido o valor estratégico dos acionistas controladores para alcançar uma posição de liderança no setor global de carnes.

(Reportagem adicional de Isabel Teles)

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((Tradução Redação Rio de Janeiro))

REUTERS PF

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