Após alívio, UE precisa encontrar acordo comercial que satisfaça Trump

Por Philip Blenkinsop

BRUXELAS (Reuters) - A União Europeia pode ter conseguido um alívio das tarifas de 50% ameaçadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas ainda não está claro como o bloco vai conciliar sua pressão por um acordo comercial mutuamente benéfico com as exigências de Washington por concessões acentuadas.

Trump desistiu de impor as tarifas sobre as importações da UE a partir de 1º de junho, após uma ligação com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, restabelecendo o prazo de 9 de julho a fim de permitir que as negociações entre os EUA e a UE produzam um acordo.

A Comissão Europeia, que supervisiona a política comercial da UE, disse que o telefonema forneceu novo ímpeto às negociações, que os dois presidentes haviam concordado em acelerar.

No entanto, houve pouca indicação de qual foi o progresso, se é que houve algum, que Trump e von der Leyen fizeram para abrir caminho para uma solução negociada à disputa comercial.

O bloco está pressionando por um acordo mutuamente benéfico que poderia incluir a mudança de ambos os lados para tarifas zero sobre produtos industriais, e a UE comprando mais soja, armas e gás natural liquefeito à medida que elimina todas as importações de gás russo até o final de 2027.

Uma autoridade da UE disse que o grupo poderia até mesmo comprar mais carne bovina, como fez o Reino Unido em um acordo comercial firmado com os EUA neste mês.

A Comissão Europeia disse nesta segunda-feira que defenderia vigorosamente sua oferta de tarifa "zero por zero", inclusive em uma ligação planejada entre o comissário europeu de comércio, Maros Sefcovic, e o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.

"Acreditamos que esse é um ponto de partida muito atraente para uma boa negociação que poderia levar a benefícios em ambos os lados do Atlântico", disse um porta-voz da Comissão.

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A UE também vê uma possível cooperação em questões como o excesso de capacidade do aço, que ambos os lados atribuem à China, e a tecnologia digital, como a inteligência artificial.

A UE quer ver o fim das tarifas de 25% sobre aço e carros e que Trump retire sua chamada tarifa "recíproca", que foi provisoriamente estabelecida em 20% para a UE, mas está sendo mantida em 10% durante uma pausa de 90 dias até julho.

Washington, no entanto, tem a intenção de reduzir seu déficit comercial de mercadorias com a UE, que foi de quase 200 bilhões de euros no ano passado, embora tenha um superávit comercial considerável, embora menor, em serviços.

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