Ibovespa fecha em queda com recuo de Vale e Selic a 15%
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira, perdendo os 137 mil pontos na mínima, pressionado particularmente pelo declínio da Vale, mas também pelo recuo de ações sensíveis a juros após o Banco Central elevar a Selic ao maior nível em quase 20 anos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,15%, a 137.115,83 pontos, chegando a 136.814,52 pontos no pior momento e marcando 138.719,09 pontos na máxima do dia.
O volume financeiro somou R$30,75 bilhões, com a volta do feriado de Corpus Christi também marcada por vencimento de opções sobre ações na bolsa paulista.
No acumulado da semana, o Ibovespa registrou uma variação negativa de 0,07%.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC anunciou na noite da quarta-feira uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, a 15%, no sétimo aumento seguido, contrariando parte das previsões no mercado de manutenção da Selic.
No comunicado que acompanhou a decisão, o BC destacou que antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros, considerando que a taxa deve permanecer inalterada por "período bastante prolongado", mas que não hesitará em novo aumento se necessário.
Para a equipe da Ágora Investimentos, o BC sinalizou a interrupção do ciclo de alta, mas sem fechar a porta para mais ajustes, se preciso, e indicou que a taxa ficará elevada por bastante tempo para evitar a precificação prematura de corte.
Na visão da equipe da XP Investimentos, a manutenção da Selic em 15% até meados do próximo ano seria suficiente para trazer a inflação para perto do intervalo da meta em 2026 e dentro da banda em 2027.
"Algum grau de flexibilização monetária parece provável no ano que vem... Isso dependerá fortemente de como evoluirá a economia global e, sobretudo, das perspectivas para a política econômica doméstica em 2027", acrescentou.
No cenário externo, investidores continuam monitorando o conflito entre Israel e Irã, sem sinal de recuo de qualquer um dos lados, enquanto especulam a possibilidade de os Estados Unidos se envolverem na guerra.
A Casa Branca disse na quinta-feira que o presidente Donald Trump tomará uma decisão sobre o envolvimento dos EUA no conflito entre Israel e Irã nas próximas duas semanas. E acrescentou que Trump busca uma solução diplomática com o Irã.
Em Nova York, o S&P 500 terminou o dia com decréscimo de 0,22%.
DESTAQUES
- VALE ON recuou 2,58%, mesmo com o avanço dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian encerrou as negociações diurnas em alta de 0,93%, a 703 iuanes (US$97,85) a tonelada.
- PETROBRAS PN registrou decréscimo de 0,27%, com o declínio do petróleo no exterior, onde o barril do Brent
- ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 0,52%, em sessão mais negativa para bancos, com BRADESCO PN encerrando em queda de 0,84%, SANTANDER BRASIL UNIT em baixa de 2,03% e BANCO DO BRASIL ON perdendo 2,11%.
- COSAN ON caiu 9%, com a nova alta da Selic corroborando receios sobre o consumo de caixa pela companhia. O Citi reiterou recomendação de compra para as ações, mas cortou o preço-alvo de R$14 para R$12.
- MAGAZINE LUIZA ON fechou negociada em baixa de 5,35%, com papéis sensíveis à economia doméstica e a juros enfraquecidos pela nova alta da Selic e a sinalização de uma taxa elevada por período "bastante prolongado".
- TIM ON avançou 1,51%, em pregão positivo para empresas de telecomunicação na bolsa paulista, com TELEFÔNICA BRASIL ON, que opera sob a marca Vivo, fechando o dia em alta de 1,47%.
- PETRORECONCAVO ON subiu 1,35%, após a companhia divulgar na véspera que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) liberou o retorno operacional das instalações da empresa no campo Cassarongongo, na Bahia.
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