Dólar sobe em linha com recuperação no exterior; Oriente Médio e leilões do BC em foco

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista subia ante o real nas primeiras negociações desta quarta-feira, conforme os investidores acompanhavam notícias sobre o conflito entre Israel e Irã e a realização de dois leilões simultâneos pelo Banco Central durante a manhã.

Às 10h41, o dólar à vista avançava 0,43%, a R$5,5434 na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,47%, a R$5,544 na venda.

Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo a valorização da moeda norte-americana no exterior, que subia frente a pares fortes, como o euro e o iene, e pares emergentes, como o rand sul-africano e o peso colombiano.

As atenções dos mercados globais continuam voltadas para o conflito entre Israel e Irã, que se mantém em um cessar-fogo até o momento, um dia depois que os dois países do Oriente Médio sinalizaram que a guerra aérea terminou, pelo menos por enquanto.

Após as negociações globais da véspera terem sido marcadas por um amplo apetite por risco na esteira da redução das tensões geopolíticas, alguns investidores aproveitavam o pregão desta quarta para se reposicionar, fazendo com que o dólar recuperasse algumas perdas.

"Como de costume, o exterior está pautando o fluxo, dólar com fortalecimento generalizado. Quando temos um movimento de alta ou baixa, algum tipo de realização é sempre esperado", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

"Mercado (também) segue monitorando a 'estabilidade' desse cessar-fogo", completou.

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O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,14%, a 98,086.

A força da divisa dos Estados Unidos no exterior pressionava o real nesta sessão, ainda que, na terça-feira, a moeda brasileira tenha fechado apenas em leve alta, de 0,28%, a R$5,5194.

Ainda nesta manhã, o foco estará em torno novamente do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, que realiza depoimento ao Congresso dos EUA pelo segundo dia.

Na terça, ele repetiu que o banco central norte-americano não tem pressa para cortar a taxa de juros por enquanto, à medida que avalia o efeito das tarifas do presidente Donald Trump sobre a inflação.

Na cena doméstica, o BC realizou dois leilões simultâneos mais cedo, vendendo US$1 bilhão à vista em uma operação e 20.000 contratos de swap cambial reverso em outra, o que equivale, na prática, a uma compra de US$1 bilhão no mercado futuro, segundo comunicado da autarquia.

Os dois leilões, que haviam sido anunciados na segunda-feira, ocorreram entre as 9h30 e 9h35 e venderam o total ofertado em cada um.

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Segundo Bergallo, o fato de o BC ter atuado nas duas pontas, vendendo dólares à vista, mas garantindo a compra de um valor equivalente no mercado futuro, não afetava a taxa de câmbio.

"Como estamos falando de dois leilões conjuntos de swap reverso e de venda de dólares à vista, isso não faz preço porque eles se neutralizam. Mas vemos alguns sinais de falta de oferta de dólar à vista. Estamos vendo um fluxo de saída de dólares antes do fim do semestre, algo sazonal", afirmou.

O mercado também retomava a cautela com o cenário fiscal brasileiro, de olho no desenrolar do impasse sobre o decreto do governo que elevou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para uma série de operações.

O projeto de decreto legislativo que busca derrubar a medida do governo estará na pauta desta quarta-feira na Câmara dos Deputados, disse na noite de terça o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).

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