Demanda por minério de ferro segue firme, apesar de incertezas, diz CEO da Vale

SÃO PAULO (Reuters) - O preço global do minério de ferro vem sofrendo impactos de incertezas econômicas e questões geopolíticas, mas a demanda na economia real segue firme, disse o presidente-executivo da Vale, Gustavo Pimenta, durante evento do Lide nesta sexta-feira.

Ele citou que o preço do minério de ferro estava a US$105 a tonelada no começo do ano, e agora caiu para um patamar de US$93.

Mas destacou que a produção de aço na China continua "bastante construtiva", enquanto outros mercados asiáticos e no Oriente Médio seguem crescendo.

"A demanda na ponta segue forte, seguimos conseguindo colocar os nossos produtos", afirmou Pimenta.

O executivo reafirmou que o impacto de questões tarifárias relacionadas aos Estados Unidos é "secundário", já que a Vale não vende minério de ferro para o país da América do Norte.

"No entanto, quando você entra em discussão geopolítica dessa magnitude, tem um efeito secundário importante, que é o arrefecimento do PIB potencial do mundo, e portanto uma percepção de que vai ter menos crescimento", observou.

"Menos crescimento, menos demanda, e minério de ferro reage muito a crescimento econômico."

Ele acrescentou que a produção de aço na China, maior produtor global com mais de 60% da fatia mundial, segue no nível de 1 bilhão de toneladas, mas com "mix" diferente, com menos volumes destinados ao setor imobiliário, que atravessou crise nos últimos anos, e mais para manufaturas.

Pimenta destacou que o fato de o Brasil ser percebido como um "país neutro" em meio a conflitos traz "enorme oportunidade" de negócio, e citou em seguida a Índia, que tem ampliado compras do produto brasileiro.

Continua após a publicidade

"Eles (indianos) têm produção local, mas estão crescendo tanto que a gente começou a vender para Índia", observou, explicando que o minério de alto teor de ferro da Vale pode ser misturado ao de menor conteúdo mineral indiano.

O executivo afirmou que, no Oriente Médio, Arábia Saudita e Omã estão "crescendo muito", assim como a demanda do Sudeste Asiático segue forte.

O CEO da mineradora afirmou ainda que a Vale quer atingir produção de 360 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano, reafirmando que a companhia caminha para retomar a posição de maior minerador de ferro do mundo.

Pimenta não detalhou quando a Vale poderia atingir aquela meta e superar a australiana Rio Tinto na produção de minério de ferro.

(Por Roberto Samora)

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.