Ibovespa mostra fraqueza com ajustes e Brasília imprevisível
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - Após uma semana de altas e baixas, o Ibovespa mostrava fraqueza nesta sexta-feira, em pregão marcado por ajustes de posições e receios persistentes com o cenário fiscal no país, enquanto Wall Street renovava máximas históricas.
Por volta de 11h40, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, cedia 0,29%, a 136.717,12 pontos. O volume financeiro somava R$4,38 bilhões.
A equipe da Genial Investimentos destacou que a derrubada do decreto do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso Nacional tira R$20 bilhões do orçamento de 2026 e reabre debate sobre uma possível revisão da meta fiscal.
"Quando o governo achava que tinha um plano de ajuste na mão, o Congresso 'puxou o tapete'... O mercado entendeu o recado: Brasília segue imprevisível", acrescentou em relatório.
A Advocacia-Geral da União (AGU) divulgou nesta sexta-feira que iniciou, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma avaliação técnica sobre as medidas jurídicas a serem adotadas para preservar o decreto.
Na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou que o Executivo poderia levar a questão ao Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com o relatório Diário do Grafista, do Itaú BBA, um fechamento do Ibovespa abaixo dos 135.000 pontos, ou uma renovação de mínima dos 134.100 pontos, dará uma pausa na tendência de alta e poderá ocasionar mais realizações.
"Por outro lado, se conseguir ultrapassar os 138.170, o índice terá como desafio superar a máxima histórica de 140.381 pontos para ganhar força no movimento em direção aos objetivos em 142.000 e 150.000 pontos", afirmam os analistas no relatório.
Em Nova York, os índices acionários S&P 500 e Nasdaq renovaram máximas históricas nesta sexta-feira, com dados de preços sustentando expectativas de uma política monetária "dovish" pelo Federal Reserve neste ano.
De acordo com o Departamento de Comércio norte-americano, o Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) aumentou 0,1% em maio, mesma taxa de abril, mostraram os dados. Nos 12 meses, a inflação pelo PCE foi de 2,3%.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN recuava 0,57%, descolada do sinal positivo dos preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent subia 0,72%.
- ITAÚ UNIBANCO PN tinha variação negativa de 0,44%, em meio a dados do Banco Central mostrarem queda de 0,4% nas concessões de empréstimos em maio ante abril, enquanto a inadimplência no segmento de recursos livres passou de 4,8% para 4,9%. BRADESCO PN cedia 0,06%, SANTANDER BRASIL UNIT recuava 0,38% e BANCO DO BRASIL ON era negociada com elevação de 0,09%.
- VALE ON subia 0,87%, endossada pelo forte avanço dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na bolsa de Dalian encerrou as negociações diurnas com elevação de 1,99%. Na véspera, os papéis da Vale fecharam com alta de 3%.
- MRV&CO ON perdia 2,33%, devolvendo parte dos ganhos da quinta-feira, quando fechou com elevação de 3,6%. A construtora informou que recebeu, em parcela única, US$62 milhões referentes à liquidação da venda do empreendimento Dallas West e do terreno Weatherford, nos Estados Unidos.
- AMBEV ON recuava 2,25%, entre as maiores pressões negativas, ampliando as perdas no mês e tocando mínima desde o começo de abril.
- BRF ON cedia 2,09%, caminhando para o segundo mês seguido com desempenho negativo (em maio acumulou queda de 10,57%). Acionistas da companhia votam no dia 14 de julho em assembleia extraordinária sobre a incorporação da empresa pela sua controladora Marfrig. MARFRIG ON perdia 1,4%. Ainda no setor de proteínas, MINERVA ON caía 0,62%.
- MAGAZINE LUIZA ON caía 1,59%, em sessão de realização de lucros após quatro altas seguidas, período em que acumulou valorização de 6,4%. Apenas na véspera, a ação subiu mais de 3%.
- LOCALIZA ON avançava 2,47%, em dia de recuperação, após tombo de mais de 7% na véspera em meio à possibilidade de novo programa do governo federal para carros mais baratos, o que poderia afetar o valor da frota da companhia e os resultados das divisões de seminovos.
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