Powell reitera que Fed aguardará mais dados antes de reduzir os juros

SINTRA, Portugal (Reuters) - O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, reiterou que o banco central norte-americano planeja "esperar e saber mais" sobre o impacto das tarifas sobre a inflação antes de reduzir a taxa de juros, ignorando novamente as exigências do presidente Donald Trump de cortes imediatos e profundos nos juros.

"Estamos simplesmente dando um tempo", disse Powell em uma reunião de bancos centrais em Portugal, um dia depois de Trump ter enviado a ele uma carta escrita à mão observando o nível de redução dos juros por outros bancos centrais e sugerindo que os EUA precisam agir.

"Enquanto a economia dos EUA estiver sólida, acreditamos que a coisa prudente a fazer é esperar, saber mais e ver quais serão esses efeitos."

Questionado sobre os ataques de Trump, o comentário de Powell de que o Fed estava "100%" focado em sua meta de inflação e de emprego arrancou aplausos do público em uma conferência do Banco Central Europeu e dos pares de Powell que se juntaram a ele no palco para um painel de discussão.

A independência de bancos centrais em relação ao lobby de autoridades eleitas, pelo menos na definição da taxa de juros, é considerada fundamental para manter a inflação sob controle.

Ao mesmo tempo, Powell observou que a maioria das autoridades do Fed, em projeções recentes, ainda espera reduzir a taxa de juros neste ano, e nenhuma das quatro reuniões restantes do banco central em 2025 está fora de cogitação.

A próxima reunião do Fed será nos dias 29 e 30 de julho.

"Isso dependerá dos dados, e estamos nos preparando para cada reunião", disse Powell. "Eu não tiraria nenhuma reunião da mesa nem a colocaria diretamente sobre a mesa. Vai depender da evolução dos dados."

O Fed receberá dados de emprego referentes ao mês de junho na quinta-feira, e os economistas esperam uma desaceleração no crescimento do emprego. Novos dados de inflação serão divulgados em algumas semanas, enquanto 9 de julho é o prazo para a possível imposição de tarifas globais mais altas pelos EUA.

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A reação dos mercados aos comentários de Powell ilustrou o próprio dilema que o Fed está enfrentando ao ponderar uma intensa combinação de riscos geopolíticos e dados conflitantes.

Operadores aumentaram a probabilidade de um corte nos juros em julho para 25%, depois que Powell não descartou explicitamente essa possibilidade, e depois reduziram as chances para perto de 20%, após dados sobre vagas de emprego em aberto nos EUA mais fortes do que o esperado.

(Reportagem de Howard Schneider)

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