Setor de máquinas deve desacelerar no segundo semestre, diz Abimaq

SÃO PAULO (Reuters) - O setor de máquinas e equipamentos deve desacelerar no segundo semestre, em razão dos juros elevados e de "entraves estruturais" persistentes no ambiente de negócios brasileiro, disse a associação da indústria, Abimaq, nesta quarta-feira.

A perspectiva segue uma expansão de 15,9% na receita total da indústria nos primeiros cinco meses de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior.

"Embora o setor mantenha uma trajetória de crescimento em 2025, o ritmo será moderado", disse a entidade em comunicado, estimando que o faturamento de junho será menor ante maio.

A diretora de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq, Cristina Zanella, no entanto, disse a jornalistas que essa retração estimada para o mês passado é modesta.

"A gente não espera uma queda grande, espera uma queda ao redor de 1%, 2%, no máximo, de receita para o mês de junho", afirmou, destacando, contudo, que a desaceleração deve continuar nos próximos meses.

"Por dois fatores: um, a base de comparação do período anterior é maior... E uma outra informação está relacionada à política macroeconômica supercontracionista do Banco Central, que a gente ainda não viu o impacto no nosso setor... mas que a gente teme que comece a dar resultado nos próximos trimestres."

No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 15% ao ano, sinalizando que a Selic deve permanecer neste patamar por "período bastante prolongado".

Apesar disso, a Abimaq manteve sua projeção de crescimento de 3,7% para a receita líquida de vendas do setor em 2025.

NÚMEROS DE MAIO

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A receita líquida da indústria de máquinas e equipamentos aumentou 26,3% em maio na comparação com o mesmo período do ano passado, para R$27,4 bilhões, segundo dados mensais da Abimaq apresentados nesta quarta-feira em coletiva de imprensa.

O resultado, segundo a entidade, é reflexo de uma melhora da receita levantada no mercado doméstico, onde o setor cresceu 35,5% em maio na mesma base de comparação, para R$21,8 bilhões, em linha com expectativas de crescimento no primeiro semestre.

"Para a segunda metade do ano mantemos a previsão de desaceleração intensa, sobretudo em razão dos efeitos cumulativos do aperto monetário e de um ambiente macroeconômico desafiador", afirmou a Abimaq na apresentação.

O consumo aparente de máquinas e equipamentos subiu 24% ante maio de 2024, para R$37,6 bilhões. Segundo a associação, parte importante do crescimento de 2025 foi relacionada ao aumento das importações -- que passaram a ocupar 46,5% do mercado nacional em 2025 versus 45,9% no mesmo período de 2024.

As importações do setor no mês de maio totalizaram US$2,7 bilhões, crescimento de 5,2% ano a ano, enquanto as exportações atingiram US$989 milhões no mesmo período, retração de 5,9% em comparação com o mesmo mês de 2024.

(Reportagem de Patricia Vilas Boas; )

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