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Rússia pode recorrer a criptomoedas para contornar sanções ocidentais, diz especialista

Dmitry Demidko/ Unsplash
Imagem: Dmitry Demidko/ Unsplash

02/03/2022 13h31Atualizada em 02/03/2022 13h31

A utilização de criptomoedas é diretamente afetada pela guerra na Ucrânia. Desde o início da invasão russa, várias moedas nacionais têm sido particularmente atingidas. O rublo entrou em colapso, mas o bitcoin segue se beneficiando da guerra.

Diante da guerra na Ucrânia, os volumes de moedas criptográficas explodiram, afirma Nathalie Janson, pesquisadora da Neoma Business School. "A partir de quinta-feira (24), houve grandes movimentações de criptomoedas na Ucrânia, já que, para estabilizar a moeda ucraniana, havia possibilidades de controle de capital. E assim, não surpreendentemente, houve muito movimento de bitcoin. Sendo uma moeda descentralizada e fora de qualquer controle governamental, esta é por definição, uma moeda que é muito geopolítica", analisa Janson.

Sempre que há um risco geopolítico, a demanda pelo bitcoin parece aumentar. Esta troca é feita diretamente entre dois computadores, explica a professora e pesquisadora: "Eles não estão expostos a perturbações e restrições. Portanto, quando olhamos para a história da bitcoin, ela tem sido de fato muito utilizada na Argentina, na Venezuela. Isto é, em todos os países onde você tem essas restrições e controles de capital", aponta.

Bitcoin como uma forma de contornar as sanções econômicas

O bitcoin poderia ser usado pela Rússia e pelos oligarcas para contornar as sanções econômicas? Fora do controle do governo, as moedas criptográficas poderiam de fato representar uma forma de contornar as sanções, substituindo o sistema de interconexão bancária Swift, de acordo com Nathalie Janson.

"O bitcoin substitui, até certo ponto, o sistema Swift. É um sistema de pagamento alternativo. O Swift, por si só, não permite o pagamento, mas emite ordens de pagamento. Assim, uma ordem é emitida e recebida. Mas, na verdade, o bitcoin simplifica este sistema, uma vez que ele apenas permite que duas pessoas que fazem uma transação a finalizem, uma diretamente com a outra", explica.

"Quando se faz transações em bitcoin, embora elas sejam de fato registradas nos chamados livros contábeis abertos, estas transações acontecem entre contas que são identificadas por uma série de letras e números. Portanto, não se sabe exatamente o nome de quem está por trás das contas", diz Janson.

"É verdade que, para a Rússia, de qualquer jeito, usar o bitcoin é uma forma de contornar as sanções. Isso é certo", finaliza a pesquisadora.