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Chefes preferem funcionários que escolhem entrar mais cedo no trabalho

10/06/2014 09h35

Em um novo estudo sobre políticas de trabalho flexível, pesquisadores da Foster School of Business, da Universidade de Washington, descobriram que as pessoas que escolhem trabalhar mais cedo são percebidas como melhores empregados por seus chefes do que aquelas que preferem entrar mais tarde.

Atualmente, uma boa parte dos negócios americanos oferece algum tipo de horário de trabalho não tradicional, como semanas reduzidas ou horários flexíveis, política que permite aos funcionários começar e terminar o dia de trabalho em horários variados.

Esses modelos têm se mostrado populares entre empregados e companhias. Horários flexíveis facilitam o convívio com a família e com os amigos e se adaptam melhor ao estilo de trabalho de cada um. Pesquisas também mostram que práticas de flexibilidade em geral levam a aumento de produtividade, maior satisfação no trabalho e diminuição nas intenções de buscar outro emprego.

Ainda assim, uma questão paira sobre essa tendência: os empregados que obtêm vantagens com políticas de trabalho flexível também incorrem em desvantagens para a carreira?

Os autores do estudo, o doutorando Kai Chi (Sam) Yam e os professores de gestão Ryan Fehr e Christopher Barnes, configuraram três experimentos para testar as percepções dos gestores em relação ao uso de horário flexível.

O primeiro determinou que, em média, as pessoas fazem uma associação natural implícita (ou seja, não consciente) maior entre os conceitos de "manhã" e "dedicação" do que entre os conceitos de "noite" e "dedicação".

Um estudo de campo explorou o impacto dessa inclinação em ambientes de trabalho e em avaliações produzidas por supervisores reais. Mesmo com o controle das horas trabalhadas, empregados que começavam a trabalhar mais cedo foram avaliados por seus supervisores como mais meticulosos e dedicados, e consequentemente receberam avaliações de desempenho melhores.

Um experimento final simulado confirmou a tendência. Participantes fazendo o papel de supervisor foram chamados a avaliar empregados fictícios cujos desempenhos eram idênticos --a única diferença era o horário de trabalho.

Os supostos gerentes consideraram os empregados que trabalhavam das 7h às 15h mais dedicados e com melhores resultados que os que tinham expediente das 11h às 19h. Essas conclusões indicam que alguns empregados têm experimentado redução em suas avaliações de desempenho que nada tem a ver com a performance de fato. Isso poderia culminar em menos aumentos e promoções.

O coautor do estudo Kai Chi (Sam) Yam sugere que líderes seniores deveriam educar os supervisores para conscientizá-los da tendência de estereotipar os "corujas noturnas" como menos produtivos que os "pássaros madrugadores". Ele adiciona ainda que as empresas deveriam implementar práticas de avaliação baseadas em critérios objetivos que não permitam preconceitos implícitos (como o favorecimento da manhã) para incrementar suas conclusões.

E quanto aos empregados devotos da flexibilização de horário? Yam reconhece que os trabalhadores se sairiam melhor se deslocassem sua rotina adaptável para as primeiras horas do dia. Porém, mais que se submeter à percepção favorável sobre os madrugadores, ele propõe que os empregados fomentem uma discussão dos horários de trabalho com seus supervisores com o intuito de deixar claro que a hora em que se começa a trabalhar é algo secundário.

"De uma forma ou de outra, os líderes das equipes devem aceitar que as pessoas que usam a flexibilidade de horário para começar seu dia mais tarde não necessariamente são mais preguiçosas que os colegas madrugadores", diz Yam. "Do contrário, as políticas de horário flexível que satisfazem tanto empregados como empregadores serão vistas como becos sem saída nas carreiras e evitadas."