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Juros futuros têm alta com aversão a risco e economia global fraca

11/02/2016 16h56


As taxas dos contratos futuros de juros subiram na BM&F em meio ao ambiente de maior aversão a risco no exterior e perspectiva negativa em relação ao ajuste fiscal, após notícias de que o governo considera adotar uma banda para o resultado primário.

O DI para janeiro de 2017 subiu de 14,41% para 14,48% no encerramento do pregão regular, enquanto o DI para janeiro de 2018 avançou de 15,11% para 15,21%. Já o DI para janeiro de 2021, mais sensível a movimentos de aversão a risco, subiu de 15,88% para 16,13%.

No centro do estresse estão preocupações com o enfraquecimento da economia global, que tem levado os bancos dos países desenvolvidos a praticar taxas de juros negativas. Endossando a leitura de que os BCs veem um cenário mais complicado, a instituição sueca cortou novamente sua taxa de juros "repo", desta vez para -0,50%, de -0,35%.

No fim de janeiro, o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) reduziu as taxas de juros para abaixo de zero pela primeira vez em sua história. E hoje a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, voltou a destacar a preocupação com as incertezas do cenário externo, especialmente com a queda do preço do petróleo e desvalorização do yuan na China, dando poucos argumentos para que o mercado continue apostando em aperto monetário nos EUA neste ano.

Apesar do ambiente de taxa de juros negativos no exterior, os economistas não veem um espaço para corte da taxa básica de juros no Brasil, dado o cenário de deterioração dos fundamentos domésticos, com aumento das expectativas de inflação e falta de perspectiva de ajuste fiscal, além da possibilidade de maior pressão no câmbio por conta do aumento da aversão a risco no exterior.

O Bank of America Merrill Lynch não espera um aumento dos juros no Brasil e nem uma apreciação do câmbio mesmo com o ambiente de taxa de juros negativa nas principais economias desenvolvidas, vendo o risco de a inflação permanecer alta por mais tempo. O banco mudou a estratégia recentemente e recomenda uma posição comprada em NTN-B com vencimento em 2021, que está pagando um juro real de mais 7%.

Já o estrategista da XP Investimentos, Daniel Cunha, afirma que uma piora das expectativas de inflação ou do cenário político doméstico, aliada a uma aversão global a risco, pode obrigar o Banco central a ter de retomar a alta da taxa de juros. "Os investidores começaram a perder a confiança na capacidade dos bancos centrais em resolver as crises e essa é uma questão que não vai durar pouco tempo", diz.

Notícias de que o governo estuda adotar uma banda para o resultado primário e de que o contingenciamento do Orçamento de 2016 deve ficar abaixo de R$ 20 bilhões, acentuaram as dúvidas sobre a capacidade do governo em cumprir a meta de superávit primário, de 0,5% do PIB para este ano, e ajudaram a aumentar o pessimismo no mercado local.