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Juros futuros recuam na véspera da decisão do Copom

01/03/2016 17h00

As taxas dos contratos futuros de juros recuaram na BM&F, com os investidores ajustando as apostas para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa nesta terça-feira e termina amanhã. A melhora do apetite por ativos de risco no cenário externo também contribuiu para a queda das taxas, especialmente dos contratos com vencimentos mais longos.

Descartada a possibilidade de alta da taxa Selic neste ano, o mercado já começa a discutir quando o Banco Central deve cortar a taxa básica de juros, com a curva a termo já refletindo pela primeira vez a possibilidade de corte da Selic neste ano.

O DI para janeiro de 2017 caiu de 14,18% para 14,025% no fechamento do pregão regular, enquanto o DI para janeiro de 2018 recuou de 14,56% para 14,30%. E o DI para janeiro de 2021 teve queda de 15,58% para 15,43%.

A curva de juros embute 90% de probabilidade de estabilidade da Selic em 14,25% na decisão do Copom de amanhã, mas já começa a refletir a possibilidade de cortes de juros a partir de junho.

Apesar de ver a possibilidade de desinflação de 2 pontos percentuais ao longo deste semestre, em parte pela perspectiva de menor reajuste de administrados e pelo efeito desinflacionário vindo do exterior, o BC tem sinalizado que não há espaço para um corte de juros neste momento.

Para Flávio Serrano, economista-sênior do Haitong, o cenário de atividade está muito ruim, mas a inflação corrente ainda não dá sinais de acomodação. Segundo ele, se a decisão do Copom for unânime pode fortalecer as apostas na queda da taxa Selic já no primeiro semestre.

Nas duas últimas reuniões do Copom, a decisão não foi unânime, com os diretores Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon votando pela elevação da Selic para 14,75%. "Acho que a decisão será unânime e isso pode levar o mercado a entender que uma queda de juros está mais próxima", afirma Christiano Clemente, diretor operacional da Tullet Prebon. Para ele, o BC não deve alterar o comunicado e sinalizar a possibilidade de corte da Selic já na reunião de abril.

Investidores seguem acompanhando o noticiário político. A aproximação das investigações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu certo fôlego às discussões em torno do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o que tem contribuído para o desempenho positivo dos ativos domésticos, com o mercado apostando em uma mudança da política econômica.

Hoje Delcídio do Amaral (PT-MS) renunciou à presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). O requerimento do senador foi lido em Plenário por José Medeiros (PPS-MT), que presidiu o início da sessão. No documento, Delcídio explica que abre mão do cargo porque precisa "se concentrar na apresentação de sua defesa junto ao Conselho de Ética da Casa, no pleno restabelecimento de sua saúde e no retorno à base eleitoral que representa, em Mato Grosso do Sul".

A saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça, que para a oposição ocorreu devido a pressões internas do PT , gerou uma apreensão no mercado em relação à continuidade das investigações da Operação Lava-Jato. O novo ministro, Wellington César Lima e Silva, é ligado ao ministro da Casa Civil, Jacques Wagner, que na véspera fez firme defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, oficialmente investigado pela Lava-Jato.

Essa incerteza no cenário político e fiscal tem levado os investidores a concentrarem a demanda por títulos públicos com vencimentos mais curtos. Hoje o Tesouro Nacional não conseguiu colocar muitos papéis com vencimentos mais longos no leilão de Notas do Tesouro nacional - série B (NTN-B).

O Tesouro vendeu nesta terça 1.297.400 NTN-B de um total de 2,8 milhões de papéis ofertados, cuja operação somou R$ 3,595 bilhões. Desse total, 84,75% dos títulos vendidos, ou 1.099.600 NTN-B (R$ 3,090 bilhões) foram colocadas para o vencimentos mais curto, 15 de maio de 2021.